- Mas tu estás louca? – Rohan olhava furioso para Aryn.
- Consegui a espada, não consegui?
- Sim, mas agora, trinta rebeldes sabem do teu poder, sabem que és alguma coisa à rainha. Eles viram as tuas sombras, eles estão a chamar-te de La Queeniar.
- La quem? – Aryn estava realmente confusa.
- La Queeniar, é da língua antiga e significa A Dama de Negro. – Rohan andava, de um lado para o outro, prestes a explodir de raiva.
- Porque é que estás enervado?
- Porque meteste tudo em risco só para meter a conversa em dia.
- Estás a ser dramático, Rohan. – Aryn pousou as suas pernas na mesa do dono da Taberna Rebelde.
Rohan virou as costas para Aryn e continuou a falar o quão imprudente ela tinha sido naquela noite, mas só segundos depois é que Rohan percebeu o silêncio e quando olhou, viu uma Aryn desmaiada.***
Homens feridos entravam e saiam da velha casa onde mulheres tentavam curar os soldados. Uma guerra acontecia, não muito longe dali. O cheiro a sangue era difícil de ignorar e o som de gritos e espadas vibrava nos ouvidos das pessoas à volta do campo de batalha.
Uma enorme loba castanha caminhava pelo campo de batalha esmagando os mortos e matando os vivos. "La Queeniar", era assim chamada entre reinos e histórias.
As enormes patas com garras do mais forte metal alguma vez criado ou encontrado, os dentes afiados dilaceravam os corpos dos inimigos, o enorme pelo aquecia-a nas noites mais geladas do ano e os olhos laranjas como um incêndio hipnotizava qualquer um, com tal beleza.
A loba estava a arrancar a cabeça de um homem quando ouviu uma espada atravessar o corpo de um homem em especial. O corpo da loba começou a diminuir de tamanho à medida que ela corria até o corpo do rei Sebastian.
A loba tinha desaparecido e uma mulher ajoelhou-se ao lado do rei.
- O mundo é cruel para alguém como tu, minha doce rainha. – Sussurrou o rei.
O barulho tinha parado, todos observavam a poderosa loba a chorar enquanto o seu rei morria nos seus braços.
- Porque estamos aqui? – perguntou Aryn ao homem ao seu lado.
- A escuridão nasceu aqui, neste campo de batalha. A escuridão nasceu graças ao amor.
Aryn observou a cena no campo e conseguiu sentir a dor da loba.
Os dois exércitos ajoelharam-se perante a mulher e o último suspiro do rei desapareceu pelo ar. O dia limpo e belo virou uma noite escura e arrepiante, um nevoeiro apareceu no campo como uma redoma.
Antes que alguém percebesse, um enorme e doloroso grito destruiu tudo dentro da redoma de nevoeiro incluindo os soldados.
- Acho que está na hora de irmos. – Falou o homem para Aryn.
Aryn levou os dedos ao nariz e quando os observou tinham sangue. Ela estava há muito tempo fora do seu mundo.
- Eu quero ver o que vai acontecer a seguir.
Os homens evaporaram, o nevoeiro abriu como uma porta e um homem apareceu. O homem era alto e vestia roupa preta, a única coisa com cor era a sua coroa de ossos e rubis. O misterioso homem caminhava com dignidade e vaidade, como se fosse dono do mundo.
- Haus, meu velho amigo. – A loba deu um pequeno sorriso. – Eu concedo o meu poder para a tua herdeira.
- Ollein não vai gostar muito disso. – A voz de Haus era rouca, poderosa e sedutora, como uma cobra.
- Ollein deve ficar calada e aceitar o destino.
O homem, Haus, olhou para onde Aryn estava e sorriu.
- O poder da escuridão não é dele? – Aryn olhou para o homem com cornos.
- La Queeniar ao conceder-te o poder, também concedeu um pouco ao Haus. Ela era a Deusa da guerra e do fogo, mas a dor da perda do seu amado juntou a guerra e o fogo, criando a escuridão.
O campo de batalha desapareceu dando lugar a um belo campo de Delias, a flor roxa da fertilidade e pureza.
- O nosso encontro acaba aqui, pequena Aryn. – O homem fez uma leve vénia.
- Posso saber o nome da pessoa que anda a observar-me desde que eu saí da prisão?
- Azessian. – respondeu ele.
- Azessian, o fiel escudeiro de Haus. – Aryn observou Azessian admirada.
- No futuro eu espero ser o vosso escudeiro, Aryn Deusa da escuridão e da morte.
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Para Além das Sombras
FantasySinopse: Aryn estava habituada à escuridão da sua cela e à companhia de quatro homens que não tinham onde cair mortos. Uma noite enquanto a realeza festejava, eles fugiram. Na sua luta pela liberdade, Aryn morreu nos braços do homem que ela pensava...