Capítulo 34

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Cinco meses depois:

A música tocava suavemente pelo salão de festas. As mãos do Rafy estavam pousadas na cintura da Aryn enquanto a cabeça da mesma pousava no peito forte do dragão, conforme ambos dançavam pelo salão.
- Já reparaste na forma que o Az olha para a Bri?
- Só um cego é que não repararia nos olhares que eles trocam. – Rafy deu uma leve risada.
- Brisana é demasiado para o Azessian!
- Que tal parares de falar da tua sobrinha e o possível amante e falares daquilo que cresce dentro de ti.
- Como sabes? – Aryn questionou.
- Eu sou a criatura com o melhor faro que existe, nem tu consegues sentir os cheiros que eu sinto. – Rafy respondeu.
- Isso é nojento.
Rafy riu quando entendeu o que a Aryn queria dizer.
- Achas que é uma menina ou um menino? – Rafy perguntou.
- Não sei ao certo, mas espero que seja lindo como eu e que tenha os meus lindos cabelos negros. – Aryn sacudiu os cabelos soltos para trás.
- De certeza que vai ser ruivo.
Aryn e Rafy começaram a discutir sobre o aspeto do bebé enquanto Azessian e Brisana deixavam o salão sorrateiramente.
Cinco meses de pura paz e sossego. Briliones estava a ser reconstruída, os reinos estavam de volta ao normal, as famílias já tinham feito o seu luto e estava tudo normal.
Em quarenta e cinco anos de vida, Aryn nunca tinha se sentido tão livre como no último mês. Era como se uma nova Aryn tivesse nascido desde a batalha.
- Não querendo interromper o casal, mas já interrompendo, eu preciso de um quarto para dormir, não aguento mais esta barriga. – Mirian tinha uma mão na barriga grande e outra nas costas.
- Eu acompanho-te. – Aryn sorriu delicadamente para a sua amiga.
As duas saíram do salão sendo seguidas por alguns guardas.
- Eu vou ficar gorda desse jeito? – Aryn questionou observando o tamanho da barriga da Lady Mirian.
- Se um dia decidires engravidar, então sim.
- Maldita hora que não cortei o amiguinho do Rafy. – Resmungou Aryn baixinho com esperanças que Mirian não ouvisse.
- Tu estás gravida? – Mirian parou a meio do caminho.
- Tudo indica que sim. – Aryn bateu uma mão na outra. – Ainda bem que tenho o Rafy, ele tem jeito para crianças.
- E tu também, tu vais ser uma ótima mãe, Aryn.
- Só espero não ficar gorda como tu.

***

- Naxos teria adorado estar aqui. – Hoddy falou enquanto os quatro elementos olhavam para o urso feito pela natureza.
- Ele está num sítio melhor agora. – Aryn abraçou o seu corpo.
- Provavelmente ele está a enfrascar-se de cerveja e mulheres metamorfas.
- Típico Naxos. – Murmurou Fauser.
- Brindemos ao nosso amigo. – Rohan ergue a taça de vinho no ar.
- Ao Naxos.
Os quatro amigos beberam em nome do velho parceiro e aproveitaram a calada da noite para serem eles mesmo, sem mais ninguém para os julgar. Eles eram mais que amigos, eles eram família, leais uns aos outros e ninguém podia quebrar essa lealdade. Os quatro prisioneiros que agora habitavam o Continente, matavam para a sua família puder viver a melhor vida.
Aryn levantou o olhar e lá estava ele, entre as Delias. Naxos levantava um menino de cabelos castanhos no ar e ria alto e bom som. A Deusa deliciou-se com a imagem à sua frente.
Naxos tinha criado a sua família onde quer que ele esteja, ele estava livre e completo num mundo em que ele podia começar do início e construir a sua própria casa.
Aryn também ia conseguir começar do zero um dia, ela só precisava de tempo para se adaptar à liberdade que finalmente tinha conquistado. Ela ia começar do zero ao lado dos seus amigos e família, sem prisão ou escuridão para a derrotar. Sem dores ou pensamentos venenosos para interrumper o seu sono. Ela podia finalmente respirar.

Para Além das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora