Capítulo 30

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O trem subterrâneo seguiu por mais alguns quilômetros, até adentrar numa passagem mais estreita e rústica. Malik observou as paredes com visão analítica, confirmando a qualidade estrutural do túnel escavado recentemente.

O novo caminho fora criado pelos rebeldes no intuito de desembarcar o mais próximo possível da colônia sem serem notados pelos sensores de calor da torre de observação. A rocha densa camuflava a presença dos exilados até cerca de 2km dos domínios de Genesis. Por sorte, a geografia marciana se tornou uma grande aliada dos insurgentes ao ocultar a fenda de saída do túnel. A abertura era localizada na base da montanha, em sua face oposta.

Cerca de duas centenas de exilados saíram pela fenda, em intervalo de tempo, e se espalharam pelo deserto vermelho. Evitaram andar em grupos para que os sensores de calor não captassem a presença de massa biológica à distância.

Aos poucos, seguiram determinados à fronteira sul da colônia, dividindo-se em dois caminhos. Enquanto dezenas de pequeninos circundaram a robusta estrutura metálica na direção oeste, a infantaria contornou pelo leste, sempre rente à sólida muralha.

As crianças entraram pelas tubulações de saída de efluentes - de acordo com os mapas de Murdock, havia uma intersecção no setor de reciclagem de fluidos que permitiam a entrada nos ductos de ar -, centenas de soldados e voluntários rebeldes iniciaram sua escalada pelo ponto cego da edificação. No alto, existia uma brecha no topo da cúpula, o local por onde entravam sem serem interceptados pelos sensores de segurança.

Feito formigas, subiram em fila a gigantesca estrutura de aço que sustentava a imensa abóbada translúcida. Como um gigantesco poliedro de faces triangulares, o anfiteatro central era a tradução da vanguarda tecnológica e arquitetônica marciana. Houve um descomunal desenvolvimento em um curto período de tempo. Tamanho salto teve um preço que ainda não estavam cientes dos custos humanos e ambientais que teriam de pagar.

O vento se tornou mais forte, denunciando a proximidade de uma tempestade de areia.

- Vamos, soldados! - chamou Malik, na frequência criptografada. - Nossa liberdade está cada vez mais próxima!

Ao atingirem o topo da cúpula, o líder abriu espaço para que seu braço direito executasse o serviço. Com uma multiferramenta portátil, Lockheart desaparafusou a emenda metálica, revelando uma pequena abertura que permitia a passagem de uma pessoa por vez. Malik fez sinal para que duas mulheres de corpo esguiu, em seus trajes espaciais, adentrassem a abertura, carregando uma mochila.

Habilmente, as duas desceram de rapel pelo caminho apertado em forma de tubo, atravessando três metros até atingirem o lado interno da estrutura. Pelo teto da abóbada, usando ganchos pré-fixados pelos rebeldes do primeiro ataque, deslizaram rapidamente pelo poliedro. Sem serem detectadas, seguiram até a parede metálica, entrando em um dos ductos de ar.

Se arrastaram pela estreita passagem, com espaço justo o suficiente para conseguirem se deslocar. Uma delas abriu o visor do capacete, no intuito de enxergar diretamente o caminho.

Atingindo o final da tubulação, removeram a grade e desceram, chegando numa espécie de central elétrica. Cabos, fios e imensas estruturas metálicas se misturavam às luzes em neon que eram emitidas em forma de pulso, de um grande aparelho central. Aquele, era o coração de energia da colônia.

Um objeto em forma de bomba foi retirado da mochila.

- Tome cuidado! - Disse uma rebelde para a outra. - Não podemos fracassar nessa missão. O futuro do nosso povo depende de nós!

Ambas trocaram olhares resignados, e fixaram a bomba na lateral do aparelho central. Uma delas acionou o sistema de contagem regressiva, que se revelou em um monitor digital. O contador iniciou pelo número 20, que foi reduzindo um a um a cada segundo que passava.

- Bomba de pulso eletromagnético acionada! - informou ao comunicador. - Explosão em 15 segundos!

- Copiado! - respondeu Malik. - Vocês fizeram um ótimo trabalho!

Os segundos se passavam feito horas naquele crucial momento de tensão. Cada mudança de tempo parecia acompanhar as próprias batidas do coração. As pupilas dilatadas e o suor escorrendo pela testa denunciavam a excitação e o medo. Não havia mais nada a fazer além de eperar o derradeiro desfecho.

Quando chegou no zero, a bomba emitiu um impulso eletromagnético num raio de cinco quilômetros. Lâmpadas explodiram por toda a colônia e fumaça despontou dos circuitos das máquinas. As duas soldados rebeldes tiveram parada cardiorespiratória no instante da explosão, caindo desfalescidas no assoalho. Todas as demais pessoas nas proximidades sentiram uma sensação estranha, ao mesmo tempo em que todos os aparelhos eletrônicos pararam de funcionar.




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A energia da colônia foi apagada. Malik e seus seguidores se infiltraram no coração de Genesis para executar o seu plano de revolução.

Como os marcianos vão responder ao ataque?

O que a bomba de impulso magnético vai desencadear?

Acompanhe essa aventura sci fi e descubra os mistérios que se escondem no planeta vermelho.

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