O deserto vermelho era monótono a maior parte do tempo. O frio e a atmosfera rarefeita impediam qualquer humano sobreviver em condições normais. Entretanto, a tecnologia marciana havia chegado num patamar tecnológico inimaginável em tão pouco tempo. Isso incluía o arsenal bélico, os trajes espaciais segunda pele e os comandos neuroelétricos das naves espaciais.
Do lado de dentro da colônia Genesis, o caos estava fragilmente contido. Soldados fortemente armados prenderam e interrogavam suspeitos rebeldes no cárcere subterrâneo. Enquanto isso, a corte se reunia no
salão vip, na tentativa de consolidar um controle político e armamentista em meio a crise política.Twin Landor caminhava freneticamente de um lado ao outro do salão, com suas roupas extravagantes e ostentando um curativo sobre a cabeça. Em uma das mãos, segurava um uísque terrestre envelhecido em barril de carvalho clonado, uma verdadeira iguaria. Com a outra, gesticulava indignação pela injúria que sofrera.
- Aquela falsa, traidora! Como pude ser tão cego? - sua decepção era uma infâmia. - Obviamente, ela queria ver o amante rebelde. Mas não que tivesse tamanha audácia em me agredir covardemente!
- Você só está assim porque perdeu a oportunidade com mais um de seus bibelôs... - Sand Landor respondeu, com seu riso debochado. - Não fosse a fome por carne fresca, teria dado seu crânio para acertar com uma marreta pela sua "mon petit".
Twin desaprovou o comentário, apesar de ser a mais pura verdade. Tinha predileção por flertar com homens mais jovens, ao mesmo tempo em que sentia uma empatia interesseira por Rubi.
Para não ficar por baixo, apelou em ferir o ego de seu irmão, tocando o dedo na ferida:
- E você, Magnânimo irmão, com seus delírios intransigentes... como vamos atacar os Terráqueos, já que somos seus anfitriões? Vão pensar que nós armamos o assassinato do Presidente!
Sand Landor fitou Twin com olhos de gato, num semblante tão desdenhoso que fez seu irmão duvidar que os dois estavam do mesmo lado. Rapidamente, ele mudou a expressão para um riso cínico e dissimulado.
- Como pode ser tão ingênuo... me admiro você carregar o nome de nossos ancestrais, que construíram todo este império vermelho! Eles não sujaram suas vidas de sangue e suor para deixar todo este domínio bélico e tecnológico nas mãos de um bufão!
Twin não acreditou no que ouviu. O fogo da ganância subia pelo pescoço do homem gordo a sua frente, lembrando mais um porco chauvinista do que um governador de uma grande potência militar. No entanto, era covarde e submisso o suficiente para não reagir.
- E nunca mais ouse questionar minha autoridade na frente da minha corte! - continuou o Governador, enquanto chacoalhava suas correntes sobre as vestes esvoaçantes em tons vermelhos.
Todos presentes sentiram a tensão apertar seus pescoços, já que tudo o que acontecia na colônia Genesis girava em torno do umbigo de Sand Landor.
- Lembrem-se todos que só estão aqui por minha causa! Por Sand Landor! Herdeiro e Governador Absoluto de todo este planeta e quadrante do sistema solar!
O topo de sua cabeça calva reluzia as lunimárias artificiais, denunciando o suor que escorria até o pescoço, apesar do clima ameno dentro do salão. Ele seguiu com passos pesados até a mesa do buffet e agarrou uma taça de doces alcoolizados, devorando com tanta fúria que surpreendeu até os mais afoitos. Respirava ofegante, mesmo com o suave aroma frutado que exalava dos ductos de ar. Antes de tragar o último pedaço, já com os dedos repugnantemente lambuzados de caramelo alcoólico, ele divagou em seus planos maquiavélicos:
- A frota diplomática terrestre partiu com o corpo do seu regente, há algumas horas. Ou, ao menos, com os pedaços dele. - fez uma pausa em sua fala, como se imaginasse a cena macabra em sua mente insana. - Suponho que já planejam uma retaliação antes mesmo de pousarem na Lua!
Seus olhos brilharam, mais de insanidade do que de surpresa. Apesar da loucura que despertava das profundezas de seu ser, ainda mantinha o foco em seus devaneios de guerra:
- Mas nós somos uma superpotência bélica intransponível! Devemos atacar antes mesmo de sermos atacados, para mostramos ao mundo o nosso poder!
Um dos súditos bebericava um líquido espumante cor-de-rosa, servido em uma taça fina e comprida. Tentando ponderar sobre o que queria dizer, tremia seus lábios tansitando entre a lucidez e a embriaguez. Seus brincos de argola subiam pelas duas orelhas, contrastando com o rosto de pelos raspados, de sobrancelhas ausentes. Ele era o supervisor dos assuntos internacionais, apesar de ser mais um executor de tarefas do que um inspetor. Num lapso de coragem e medo, ele ousou argumentar:
- Mas... e os rebeldes, Excelentíssimo Governador? - sua voz quase sumindo entre os dentes.
Sand Landor riu debochado, desdenhando do seu subalterno com ares de pseudonobreza:
- Os rebeldes são a mosca que caiu na minha sopa. São inconvenientes, eu admito! Mas cumpriram o seu papel. Eu vou devorá-los junto com todos aqueles que se levantarem contra mim!
Seus olhos inflamavam fúria e insânea. Os lábios lançavam perdigotos e restos da comida adocicada que agora amargavam em sua garganta. Em sua demência déspota, o delírio autocrata o impedia de perceber que o verdadeiro inimigo morava ao lado.
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Enquanto Twin e Sand Landor estão imersos em seus devaneios mesquinhos, os rebeldes põem em prática seu plano de insurreição.
Como o governo déspota reagirá à insurgência rebelde?
Quais segredos ainda estão guardados nas profundezas da Colônia Genesis?
Acompanhe os próximos capítulos desta Space Opera e descubra o desenrolar da trama Sci Fi!
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GENESIS
Ficção CientíficaNo século XXIII, os humanos já haviam colonizado a Lua e o planeta Marte. Porém, as consequências da IV Grande Guerra haviam mudado a Ordem Interplanetária, transferindo o poder dos governos falidos para as grandes corporações privadas. Em contraste...