Dona Dita tombou no sofá e a culpa não foi das pernas exaustas.
A primeira coisa que Krystiellen fez chegando em casa foi contar à avó que viu Marola, isso, claro, suprimindo alguns detalhes. Cortou a trama das gêmeas e principalmente o flerte, deixando apenas a conversa tensa num relato iniciado com um bom e velho:
— A senhora num faz ideia do que aconteceu, mãe!
Quem a assistiu falar acreditaria que o próprio mandou Gracinha avisar por Michelle a ordem para Ellinha tirar a limpo a entrevista e suas intenções na área antes de desenrolar qualquer outra coisa e duvidava muito que Marcílio a desmentisse. O importante era parecer uma inquisição do corre, mas não precisava matar a velha dos nervos, né?
— Calma, dona Dita!
— Calma? Como que cê quer eu tenha calma, minha filha?
— Mãe, a Michelle tá certa. Tá tudo bem... – reforçou culpada entregando os comprimidos dela.
Marcelly fingiu arrumar os utensílios novos que trouxeram do Mercadão por falta de coragem de lidar com o caô arranjando. Concordou ter sido a melhor saída, enfim, porque trêmula e nervosa como estava era capaz da velha ter partido pra cima do patrão como se sua neta precisasse de defesa.
— Minha Nossa Senhora!? Você tá bem, minha filha? Ele te fez alguma coisa? Te machucou? Te sacudiu? – só da forma que ela gostava, né?
— Michelle, vem me ajudar aqui! – Celly chamou antes que bobagem semelhante saísse em tons mais altos da boca enorme de sua irmã.
Krystiellen que segurasse sozinha a bucha que arranjou!
— Calma, mãe. Termina a água. – pôs a garrafa sobre a mesa de centro. – Pode ficar tranquila que ele só foi grosso, a senhora sabe como ele é. Veio cheio de marra que eu tava bagunçando, que só porque passei tanto tempo fora que esqueci como as coisa funciona. Achei até que ele ia proibir!
— Ah, pronto! Era só o que faltava ele estragar a chance dessas criança mudar de vida só porque ele escolheu estragar a dele. – dona Dita rechaçou entregando o copo antes quase derrubado em seus tremores. – Tende Misericórdia, Jesus. Coitada da Maria de Fátima, tão religiosa e pariu o próprio demônio! – credo!?
— Ai, mãe, também num é pra tanto...
— É sim, Ellinha! – insistiu contra os sinais de cruz da neta. – Como que pode ver tanta boa intenção e achar ruim?
— Ah, dona Dita, a senhora sabe como o pessoa da Tropa é. Me admira que ele não tenha vindo com o pessoal dele aqui na porta cobrar a Krystiellen por ter dado entrevista na TV antes de pedir pra ele.
— Michelle! – Marcelly murmurou vendo a hora Dona Dita infartar.
— É pra dar mais credibilidade! – justificou aos sussurros.
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A Teoria do Corre
RomanceKrystal largou tudo e todos no Morro do Cabo pra trilhar uma carreira brilhante como artista plástica no exterior. Retornando após 10 anos com o desejo de montar uma escola de artes na comunidade, ela precisa buscar a permissão da facção local, um p...