O banner de um tímido salão de beleza enfeitado com duas bexigas coloridas, o único sinal de festa possível num dia de luto.
A temporada no exterior fez Krystiellen cortar contato com quase toda aquela gente de quem só sabia as novidades através da avó. Os únicos laços mantidos se tratava do par de gêmeas correndo em sua direção.
Marcelly esperou paciente por um abraço enquanto Michelle, exagerada, quase derrubou a recém chegada pulando em seu colo para a vergonha da garota magrela esperando à porta, receosa. Victória, filha de Mimi, foi a melhor das três em controlar a ansiedade de conhecer pessoalmente a dinda Ellinha, a madrinha rica com quem só falava por videochamada e ainda assim era uma das pessoas mais presentes e especiais de sua vida. Muito aperto, beijo na bochecha e nostalgia:
— Como você tá enorme! Quando eu sai daqui, tu ainda era um bebê que cabia no meu colo... – na idade de achar tudo embaraçoso, sua mãe e sua tia acharam estranho a menina não reclamar dessa lenga-lenga.
Era a tia Krystiellen, ela podia!
Fã número um da madrinha, Vitória se amarrava em ter uma referência tão próxima de gente famosa com a origem, a pele e os cabelos parecidos com os dela. Contava pra todo mundo com a boca cheia ser afilhada de uma artista famosa, independente se os colegas não conheciam o trabalho incrível da mulher mais incrível do mundo – que sua mãe, tia e madrasta compreendessem sua opinião sem se chatearem, claro.
É que Ellinha ganhava ares míticos na imaginação da pequena, desacostumada com gente endinheirada. Ricos sem usar o tráfico, ainda por cima? Só ela mesmo. E além de rica, a dinda era bonita, inteligente, competente, carismática, atenciosa, talentosa e, cedendo aos caprichos infantis, sempre fortalecia naqueles presentes chiques que as demais não podiam comprar.
— Aqui, pretinha. A dinda trouxe pra tu as duas Barbie's que faltavam na sua coleção.
— Aquelas pretinhas com o cabelo cheio igual o meu?
— Isso! As pretinhas do cabelo black. Gostou? – os braços finos a esmagaram como resposta positiva.
— Agradece sua madrinha, filha.
— Obrigada, dinda!
— Isso. Agora vai guardar suas bonecas novas e avisa sua vó que ela também tem visita. – disse dando espaço pra dona Dita passar.
Palmas singelas e o olhar orgulhoso em ver como as filhas de sua melhor amiga conquistaram aquele espaço.
— Minha Nossa Senhora, como ficou lindo o salão de vocês. Aqui era a varanda, não era?
— Era sim, dona Dita. – Michelle confirmou tirando do meio o travado carrinho de apetrechos da irmã. – A gente só reformou pra dar uma aumentada, mas achou melhor fazer aqui mesmo em casa, aproveitar o espaço. – sua gêmea se escorou em seu ombro.
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A Teoria do Corre
Storie d'amoreKrystal largou tudo e todos no Morro do Cabo pra trilhar uma carreira brilhante como artista plástica no exterior. Retornando após 10 anos com o desejo de montar uma escola de artes na comunidade, ela precisa buscar a permissão da facção local, um p...