Victória provava por A mais B ser uma criança doce e com a maturidade típica da idade.
Compreendia muito bem os cárceres do pai, a relação criminosa dele e de Gracinha e como o fato dele hoje ser um dos vários faz-tudo de Marola não o tornava um pai menos incrível, apesar de ser um pai incrível não torná-lo menos membro da Tropa.
Sua imaginação fértil muitas vezes enxergava Cleiton como um personagem rebelde contra o sistema, perdendo a luta na maioria das vezes, mas sem perder a esperança de seu dia de glória. Longe dela embelezar o perigo próximo, contudo, ele continuava sendo o "coroa" amoroso disposto a tudo tudo por ela, de ingressar no crime pra não lhe faltar o leite a usar todo o ganho pela ronda do dia para garantir um bom material escolar pra estreia do projeto.
Mochila novinha com estojo combinando e tudo. Krystiellen prometeu distribuir kits de pintura e desenho, porém ele preferiu se adiantar com canetinhas, lápis de cor e grafite além de caderno novo porque criança gastava muito dessas coisas e nada deveria limitar a criatividade de sua pequenina. Mesmo se a paletinha de aquarela que melhor coube no orçamento não prestasse, Tória guardaria feito joia pra lembrar do dia que o melhor pai de todos seu melhor pra que ela tivesse um pouco além do básico.
— Eu te amo tanto, tanto, tanto... – dispensou entre vários beijos na bochecha dele, um pouco cansado demais pra aguentá-la dependurada no pescoço.
— Eu também te amo muito, filha. Papai ama quando tu abraça pendurada no pescoço assim, mas bora descer que daqui a pouco tua madrinha vai começar a aula e a gente não quer se atrasar logo no primeiro dia, quer?
— Não! Eu quero ser a primeira pra poder dar um super abraço na dinda antes de todo mundo. Sabia que tá todo mundo ansioso pra conhecer ela pessoalmente? Todo dia alguém me pergunta dela na escola.
— Sério!? – se fez impressionado pela milésima vez que ela falava isso. – E tu deve se amarrar de todo mundo saber que tu mais ela é carne e unha, né? – deu a mão à ela na hora de atravessarem.
— Eu gosto sim, mas a mamãe diz pra eu ter cuidado com quem quiser ser meu amigo por causa disso.
— Tua mãe tá certíssima, escuta ela. Tu é maneira demais pra andar com gente que só te vê como a afilhada da Ellinha.
— Pode deixar comigo que os de verdade eu sei quem são!
— Ei! – se espantou com esse projeto de malandra. – Quanto tempo eu passei fora pra tu crescer desse jeito, menina?
— O suficiente pra eu quase morrer de saudade! – declarou pulando nos braços do pai pra mais um abraço. – Cê vem me buscar?
— Ei! – Michelle protestou lá do portão principal. – Dois sábado seguido enfiado na casa de teu pai? E eu fico como?
— Calma, mamãe. Tem Victória pra todo mundo!
— Tem pra dinda também? – Krystiellen surgiu só pra quase ser derrubada n'um abraço.
— Principalmente!
— Aí, perdi a filha!? Mas hoje o papai não vai poder te buscar não, princesa. Marola me encaixou no baile de hoje e papai precisa correr atrás da carreira dele de novo.
— O tio Marola anda legal esses dias, né?
— Victória! – Cleiton censurou apavorado. – Para com essa história que o homem lá num é nada teu.
— Eu sei, mas eu gosto de implicar com ele porque ele faz uma cara muito engraçada.
— Impressionante como ela puxou o jeito de Mimi todinho igual puxou tua cara, Cleitin.
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A Teoria do Corre
RomansaKrystal largou tudo e todos no Morro do Cabo pra trilhar uma carreira brilhante como artista plástica no exterior. Retornando após 10 anos com o desejo de montar uma escola de artes na comunidade, ela precisa buscar a permissão da facção local, um p...