O fã mais empolgado de Krystiellen da Silva impossibilidade de entregar seus cumprimentos pessoalmente.
Quando tirou aquela SmartTV da parede de uma casa chique aleatória pra botar na dele, Marola não imaginou usar para assistir live da página dos moradores do morro. Ah, o que ele não fazia pra ficar de olho na obra de arte que pintou aquelas telas?
Programa com ar de evento, quase um jogo de Copa do Mundo. Salgadinhos fritos na hora, cerveja gelada e nos comentários Maria da Graça bancando a crítica de arte falando sobre pinceladas, traço, cores, movimentos de arte ao longo da história enquanto ele só assistia pela expectativa de ver mais da mulher, do sorriso e do brilho nos olhos empolgados sempre que alguém se interessava em saber mais de suas coisas.
— A maldita posa bem pra câmera, né?
— Nossa, a bicha tem uma pose de bacana, né? De quem mete banca porque pode... Brabíssima! – concordou atenta à desenvoltura da artista.
Ellinha sempre falou bem, sendo oradora da classe na formatura do ensino médio, logo não temos uma vergonhosa performance discursiva, mas o conteúdo. Marola desconfiado do jornalista, ficou puto não com a postura investigativa ou a impressão dele perguntar demais como se cassasse brechas pra saber da dinâmica entre a ONG e o dia-dia do morro, mas pela cara besta do dito cujo pra mulher dele, bem exposta na imagem congelada.
— Qual ver quanto dá de contribuição dos morador pra gente meter um Wi-Fi brabo no morro porque essa Internet de Byana tá uma merda. Trava mais que uma Taurus! – Gracinha parou de comer suas mini coxinhas para voltar a atenção ao amigo.
— Eu posso saber do que tu tá tentando se distrair pensando em futilidade uma hora dessas?
— Nada demais, só tava pensando no quanto eu odeio jornalista, mas amo ver essa mulher feliz. – murmurou mais contente em ver Ellinha se distanciar do rapaz pra dar atenção a outros convidados.
Gracinha deu de ombros, empurrando brincalhona o braço dele.
— Fica tranquilo que logo, logo, tu vê a bonita ao vivo e a cores bem de pertinho. Tu tá doido pra ir lá dar parabéns, né?
— Tá eu tô, né? Mas aí eu coloco ela na mira dos cana, da reportagem policial e dos alemão. Acho que num quero nem Julius sabendo que pode usar ela pra chegar em mim, malandra. Já basta quem eles sabe. Aliás, tu viu minha mãe?
— Deve ser ela batendo o portão. – acenou com o queixo para o amigo ter a educação de ir ajudar dona Maria de Fátima com a bolsa de mercadoria e a mesa desmontável com que vendia suas bugigangas no entorno da estação de trem.
A coitada só entendeu a boa ação do filho quando percebeu a visita.
— Ô, minha filha, cê tá ai? Achei que agora cê tivesse em casa com teu marido.
— Qual foi? – Marcílio estranhou. – Tá expulsando Gracinha, mãe?
— Grosso! É claro que a sua mãe só tá feliz que meu marido foi solto e achou que eu ia tá com ele, seu imbecil.
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A Teoria do Corre
RomanceKrystal largou tudo e todos no Morro do Cabo pra trilhar uma carreira brilhante como artista plástica no exterior. Retornando após 10 anos com o desejo de montar uma escola de artes na comunidade, ela precisa buscar a permissão da facção local, um p...