A Teoria Do Fogo

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Marola nunca teve uma fiel

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Marola nunca teve uma fiel.

Tipo, ser casado mesmo que só na prática, compromisso firme, ter alguém pra reclamar o título de primeira dama do Morro do Cabo. Ele nunca nem quis pra falar a verdade.

É que mulher dava trabalho, né? Precisava confiar, essas parada. Ele conhecia uns dez que foi parar na grade por causa de piranha. Além desses problema de fofoca, o código de honra da Facção obrigava a no mínimo raspar a cabeça de vacilona em caso de traição, desconfiança e ele num gostava dessas parada não.

Como civil, também, Marcílio falando, isso de relacionamento gerava expectativa. Essas coisa de sossegar, formar família que ele nunca teve intenção e sempre que as mina vinha com essa conversa ele metia o pé. Qual que é? Quê que elas tinha na cabeça de querer botar criança no mundo sendo filho de um pai perigando cantar pra subir a qualquer momento? Pra reproduzir ódio igual Cleiton fez com a menina dele bancando a romântica sonhadora? Quem que olha pra um sujeito chamado Marola e pensa nele como o homem certo pra dividir a vida? Não, minha filha, vá atrás de alguém que preste!

E Marola num prestava por vários motivos, mas aqui pelo menos ele era transparente, né? Ele gostava de ser solto sem ninguém no pé e nunca prometia nada. Os pente e rala da vida dava pra matar a fome, se divertir um pouco e tava bom demais, então pra quê arrumar caô? Pra ouvir reclamação, já tinha sua mãe e Maria da Graça.

Mas nem sempre foi assim.

Pra não falar que ele nunca quis uma fiel, ele quis muito Krystiellen. Andava com ela pra cima e pra baixo na garupa, coloca naquele pescocinho lindo seus cordões, bancava luxo, motéis, poucas viagens pros arredores dada a vigilância pesada de dona Dita. Levava pra passear, apresentava pra mãe com pompa de namorada, noiva, se pá. Um dia ainda pensou que ia casar com ela, acredita? Chegou a comprar a kitnet lá de cima pensando em enfim se juntarem depois de anos desse pega e não se apega, chove e não molha, pra justo quando começaram a engatar a seriedade do bagulho ela vazar sem dar satisfação e talvez esse trauma contribuísse pra ele desconfiar de qualquer pseudo-amor – o que explicava o desprezo dele com o casebre e as mulheres levadas lá. Devia imaginar que ser muito pouco pra ela, tanto ele quanto o “ninho de amor”.

Mas... Ainda queria ela. Uma pena Ellinha continuar tão problemática quanto na época em que fazia sentido seguir as ordens da avó. E cara, nem precisava ser fiel, ele tão desesperado e ansioso pela chance de estarem juntos se conformaria em ser um mero contatinho, ficante, essas coisas que desprezavam comprometimento. Mentira, ele a queria todinha pra ele e quando pudesse enfim as mãos naquela bonequinha de porcela com corpo macio de crochê, nunca mais a soltaria e aí do infeliz que ousasse rivalizar com ele.

Enquanto a maldita não vinha, entretanto, ele continuava do mundo.

E sim, hoje ele foi de Malta. Amanhã, de quem sabe? Krystiellen não queria que ele a esquecesse? Quem sabe se esquentando em outro rabo de saia facilitava? Não era como se ela pudesse reclamar também, né? Muito menos como se fosse brigar.

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