Amada Amiga

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— Você sabe que a essa altura eu te conheço praticamente com a palma da minha mão, não? — Justin disse atrás de mim, fechando a porta às suas costas, pelo que pude ouvir, depois de colocarmos Jazzy e Jaxon para dormir assim que terminaram a sobremesa.

Tirei o casaco pela cabeça e joguei-o na cama diligentemente, ao mesmo tempo, chutei os sapatos para baixo do colchão.

— Você vai se casar comigo, então eu espero que sim — brinquei, voltando-me para ele a fim de entender em qual ponto queria chegar.

Na oportunidade, notei que desabotoava o primeiro botão de sua camisa social e antes que pudesse ficar emocionada, desviei o olhar.

— Então podemos conversar sobre o que estava se passando em sua cabeça essa noite? — Percebi que tentava conter um sorriso enquanto falava e confirmei ao ver o esgar no canto de sua boca. Ele tinha notado que me afetara.

Revirei os olhos para o fato e levantei um ombro para o assunto.

— Nada demais — menti.

Não sei se para me testar, mas desabotoou mais um, aproximando-se. Limpei a garganta de forma sutil. Ele estendeu a mão para mim.

— Só preciso saber que você está bem, e se em algum momento acabar sendo demais, pode me avisar? Minha prioridade é a sua felicidade, Angel — franziu o cenho, mais sério — Seja qual for sua escolha.

Agarrei a ponta dos seus dedos, trazendo-o para mais perto de mim mais rápido. Levantei os dedos até sua fronte e deslizei daquele ponto até seu queixo. Sorri quando inclinou a cabeça de leve e involuntariamente na direção da minha mão. A mansidão de seus olhos adentrava meu peito feito o caramelo quente e pegajoso de sua íris, requisitando toda minha atenção para si. Era muito difícil sustentar minhas incertezas quando ele me olhava assim, tão perto e concentrado.

— Minha escolha é que você fique comigo essa noite. Pode fazer isso? Preciso de você.

Em resposta, ele entrelaçou os dedos nos meus e abriu um sorriso singelo.

— Se isso não for horrorizar mais sua família.

Bufei.

— Eles quem estão invadindo meu território, vão precisar se ajustar.

O humor passou rapidamente por sua expressão, mas, brincando com a minha mão e olhando para ela, voltou a sobriedade.

— Você imaginou que um casamento seria tão intenso assim? — Murmurou baixo.

Atrás do véu que nos cobria, tive um vislumbre do turbilhão de vespas que me perturbava. Neguei com a cabeça.

— É muito mais complexo do que parecia. E nem deveria. Afinal, é mais uma formalização do que a gente tem, não? — Respondi na mesma altura de voz, mantendo nossa bolha sólida e intimista.

— Você está com medo? — Ele hesitou em levantar a cabeça e me olhar, espreitando-me.

Não havia razão para mentir.

— Honestamente, sim. E você?

Engoliu em seco, franzindo toda a expressão, voltou a encarar minha mão.

— Mais do que já estive em minha vida toda — confessou, quase envergonhado, parecendo tão vulnerável que apertou meu peito. E de volta aos meus olhos, intenso — Meu maior medo é ficar sem você, Faith. Você, por inteira. Sua essência. Seus sorrisos. Seus sonhos. Entende o que quero dizer?

Balancei a cabeça, mal percebendo o movimento, arrebatada.

— Preciso te preservar assim — acariciou minha bochecha, embaixo dos meus olhos, contorno do meu nariz e meus lábios — Não posso perder parte alguma. E se isso significar que...

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