Última Promessa

131 9 40
                                    

Isabelle aqui: Gente, vou deixar no link externo nossa playlist, muito importante ler esse capítulo ouvindo ela a partir de Break My Heart Again - Finneas. Só isso mesmo, boa leitura!

---------------------------


Passei a noite no quarto de Jazzy. Vez ou outra ela me pedia para ficar, e naquele dia propositalmente enrolei um pouco conversando com ela, quando tive condições de subir, até que me convidasse a dormir ali. Me recusei a pensar que era por medo de ser uma de nossas últimas noites juntas, eu já estava tão apegada a ela e Jaxon que me doeria muito se tivesse que me separar deles. Contudo, o sentimento de despedida na garganta era quase impossível de engolir. Apertei seu corpinho frágil contra mim como se pudesse obrigar o destino a nos deixar ficar juntas. A família de Justin havia se tornado a minha também, não era só a ele que eu perdia se tudo acabasse no pior dos cenários que se pintavam em minha mente.

No dia seguinte, levei ela e Jaxon para a escola, acordei mais cedo para deixar tudo meticulosamente arrumado em meu quarto, tomei café da manhã com todos, Pattie ainda estava ali, me lançando breves olhares um pouco preocupados. Procurei evitá-los, ninguém era mais observadora do que Patricia e eu não queria falar sobre aquilo, eu lhe prometera que ficaria, que cuidaria de Justin. Mas não havíamos cogitado a possibilidade dele não me querer mais por perto. Eu também não queria angustiá-la contando que ele estava um pouco perdido dentro de si mesmo. Será que se afastaria da família também?

Depois que deixei as crianças na escola, ganhando um abraço de cada um que tornou meu humor um pouco melhor, entrei em meu carro para ir a faculdade. A chave já estava na ignição, estava colocando o cinto quando o celular vibrou no contato. Eu li a notificação antes de pegá-lo, uma mensagem de texto:

"Precisamos conversar".

O clima naquele dia estava mais gelado do que nos anteriores. Os flocos de neve rodopiavam pelo ar como um lembrete congelante de que o pior ainda estava por vir. Naquele momento, eu não conseguia imaginar frio mais terrível do que tomou conta do meu coração. Sem ao menos um "bom dia", "Oi, Faith", ou qualquer cumprimento idiota, Justin me enviara aquelas temíveis palavras. Não se tratava só da reação imediata de um ser humano ao ser chamado para uma conversa sem anúncio prévio do motivo, era toda a junção dos fatos que já estavam em minha cabeça que me paralisara daquele jeito.

Parecia que eu estava a beira de um precipício, sentindo uma presença opressora nas minhas costas prestes a me empurrar, o medo corria impiedoso por meu sangue, meu estômago se revirava com violência e o coração parecera imediatamente silenciado. Procurei alternativas que me salvassem na minha mente, mas o pânico espantara todas as palavras.

Peguei o celular, percebendo que eu tremia. Expirei e digitei sem pensar:

"Quando e que horas?"

Se eu estivesse em condições de pensar, veria o quanto parecera duas pessoas marcando uma briga, poderia até rir, mas não tinha graça. Não quando realmente aconteceria uma briga que me nocautearia. Tive esperanças de que ele demorasse a responder. De repente não queria mais conversar com ele, toda a atenção que desejara havia passado. Se ele quisesse podia me ignorar por mais alguns dias, seria melhor do que ter aquela conversa.

"Depois da sua aula, passo para te buscar. Pode ser?"

Além da minha óbvia covardia, havia algum motivo lógico para negar a oferta, contudo não consegui raciocinar rápido.

"Ok."

Expirei, esmorecendo no banco do carro. Precisei me lembrar de como respirava, tinha a impressão de que estava sem ar. De repente eu não via mais nada a minha frente, tinha certeza de que não tinha condições de ir para a faculdade, mas não sabia mais aonde ir, o que fazer. Meu cérebro duramente atacado se agarrara na programação do dia, e eu poderia contar apenas com isso vindo dele.

One TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora