Concentrei-me no barulho do motor, tentando deixar com que o som me acalmasse os nervos, o grave constante que subia por meus pés e ricocheteava pelos ossos. Não estava funcionando, a cada segundo meus olhos relampejavam para o retrovisor, a busca de perseguidores em potencial, para ser mais exata, Roger e o Cavanagh-empregado.
Eu dirigia para a casa de Justin em meu Nissan Micra chumbo, recapitulando os acontecimentos da noite para lhe passar em detalhes. Não havia muita coisa, para ser sincera, isso sem contar a tensão perene em meus ombros. Roger se comportara muito bem como um cliente ordinário, bem simpático, diga-se de passagem, e até deixara uma gorjete generosa. Cada vez que eu me dirigia à sua mesa ele arranjava um jeito de conversar, atitude bem comum em pessoas carentes de atenção que procuravam o restaurante. Às vezes eu tinha a impressão de que alguns estavam ali mais pela interação com os garçons do que pela comida. E, bem, o coleguinha de Justin não me dirigiu mais a palavra, apenas direcionava olhares fugazes em direção a Roger e uma vez ou outra nossos olhos se encontravam. "Estou aqui", ele dizia. Mas não de um jeito tranquilo, de forma que eu tinha certeza de preferir quando os abutres permaneciam invisíveis.
Não tive incidentes no trajeto, contudo, e cheguei em segurança ao meu destino. Estacionei no meio fio e descartei a ideia de bater na porta enquanto me aproximava da mesma. Embora Justin não houvesse me respondido, eu havia mandado a mensagem avisando que estava indo, afinal. Usei minha chave para destrancar a porta e paralisei na entrada. A luz da sala estava acesa, sim, mas não havia ninguém ali, além do som perturbador descendo as escadas escuras.
— Cego por mim, você não vê nada
Apenas chame meu nome, pois eu ouvirei seu grito
Mestre!
As guitarras choravam nas caixinhas de som espalhadas pela sala, bem como nos andares de cima. Justin havia instalado um ótimo sistema sonoro por toda a casa, como o bom amador de música. O que gelava meu estômago naquele momento era a escolha da música, a qual eu tinha quase certeza de que ele não ouvia desde.... Bom, desde antes de me revelar ser um assassino. Quando eu ainda era um de seus alvos e seu apreço por vida humana não passava do valor de uma barata.
— Me experimente e você verá
Você só precisa de mais
Você está dedicado a
Como eu estou matando você!
Além da música, extremamente alta, eu ouvia algo mais. Apurei meus ouvidos, distinguindo ruídos de objetos se chocando contra algo sólido, despedaçando-se logo em seguida. Alguém havia invadido a casa e estava lutando com Justin? Quantas pessoas? Com o coração agitado, a ponto de martelar nos ouvidos, pensei rapidamente o que eu deveria fazer. Eu não ficaria parada, embora meu corpo desejasse muito bem essa opção, deveria ajudá-lo. Por outro lado, sabia que não era tão competente assim para o trabalho, então seria preferível que tivesse reforços.
Digitei o número de Ryan com os dedos trêmulos, rezando baixinho para que me atendesse durante os quatro infinitos toques.
— Oi, Fai.... — Ele começou e eu o interrompi logo:
— Ryan, estou na casa do Justin, tem alguma coisa errada. Acho que ele está lutando contra alguém muito feio lá em cima. Estou indo, venha o mais rápido que puder! — Atropelei as palavras e desliguei antes do seu protesto se verbalizar.
Atravessei a sala e apanhei o atiçador da lareira, correndo e ao mesmo tempo tentando suavizar meus passos para não ser ouvida. A altura da música camuflava grande parte dos outros sons, mas eu não os subestimaria.
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One Time
FanfictionAssumir um relacionamento implica uma série de desafios, o que não deveria incluir riscos de morte frequentes. Mudar-se para o Canadá a fim de fugir de uma Companhia de Assassinos parecia uma boa ideia no princípio, mas Justin Bieber deveria saber q...