Resolução de Conflitos

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— Faith? — A vozinha delicada de Jazzy me impediu de sair do quarto.

Seus olhos me espiavam retornar ao seu lado com ávida curiosidade. Sentei-me na ponta da cama e apoiei a mão em seu ombro. Ela estava bem desperta para me segurar ali por uns cinco minutos.

— O que há, Jazzy?

A mini Bieber se ocupou em desfiar a ponta do cobertor, transparecendo uma aflição repentina.

— Depois do casamento Justin vai morar aqui?

É claro que eles pensariam nisso. Eu e Justin já havíamos cogitado sobre. Como minha resposta não foi imediata, Jazzy voltou o olhar para mim, aguardando.

— Bem... Depende, Jazzy. Acho que na verdade ele não vai querer sair de lá — acariciei seu ombro.

— Então ele vai nos levar para lá? — Franziu levemente a testa — Não sei se quero abandonar meu quarto aqui e eu ficaria com saudade dos avós.

Para eles, Pattie, Diane e Bruce eram os avós, todos na mesma categoria, independentemente do fato de Pattie ser filha de Diane.

— Sei que ficaria. Não tenho certeza se ele pode levá-los para lá também. Tudo depende do trabalho.

Justin não queria seus irmãos vivendo na mesma casa que ele, um alvo ambulante. Se pudesse, me afastaria também, mas esse era um dos benefícios do casamento que eu não abriria mão e ele sabia — e não gostava. Se pudéssemos eliminar o problema com as Companhias até lá... Mas eu já havia dito que não queria nenhum passo brusco até o grande dia. Não planejava morrer solteira.

Até que ponto, contudo, eles estariam mais seguros longe dele?

— Mas ele vai te levar? — Perguntou num tom revoltado. Não soube diferenciar se reclamava do meu privilégio ou por ser tirada deles. Talvez ambos.

De qualquer forma, aquele era um terreno perigoso. Escolhi as palavras com calma.

— Bom, é essa a função do casamento, eu devo estar onde ele estiver — expliquei com mansidão.

Jazzy virou os olhos para o outro lado, emburrada.

— Bree diz que ele é muito mau e que as crianças morrem só de passar pela porta, por isso não podemos ficar lá.

Eu ri. Mal podia esperar para contar essa teoria ao Justin.

— E por que ela acha isso?

— Ela disse que o pai dela não nos deixa ser amigas. E quando perguntou o motivo, ele disse que meu irmão mais velho era mau — seu cenho se vincou com revolta — E então Bree inventou isso da casa dele. Não é verdade, quando a gente foi lá naquela vez não morremos. E o Justin não é mau. Por que ele disse isso, Faith? — Voltou seu semblante infantil e curioso para mim.

Direcionei minha atenção ao seu cabelo para deslizar meus dedos entre eles, como se fosse uma tarefa muito difícil que devesse ser vigiada. Não tinha mais graça agora.

— Eu não sei, Jazzy. Às vezes as pessoas dizem coisas sem querer ou sem saber da verdade. Como é o nome do pai dela?

Ela deu de ombros.

— Não sei. Também não quero saber. Acho que ele deve ser mau. Você sabia, Faith, que as pessoas colocam defeitos delas mesmas nos outros? — Gesticulou gravemente, feito uma professora mirim. Devia sentir-se muito importante com as palavras.

— É mesmo, Jazzy? — Não pude evitar um sorrisinho — Quanta sabedoria da sua parte! E como descobriu isso?

Ela contorceu a boca, sem querer tirar seus próprios créditos.

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