Explicações

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— Há muito a dar graças esse ano — Justin olhou com confiança e formalidade ao redor da mesa, eu mordi o lábio, concentrando-me no rosto sereno dele, a forma mais eficaz de me acalmar — Primeiramente pela vida de cada um, pela nossa saúde, por nossa família, por nossas condições, pelo alimento que nunca faltou — acenou com a cabeça para a mesa. A voz dele começava a ficar abafada em meus ouvidos pelo som alto das batidas pesadas do meu coração.

E então seus olhos de mel pararam em meu rosto tão ternos e líquidos a ponto de mexer com a minha capacidade mental. Não levou muito tempo para que eu me esquecesse da preocupação, a glória de alcançar seu objetivo fazia o rosto de Justin reluzir e meu peito apertou ao constatar que aquilo era motivado por mim. Naquele instante, tudo fez completo sentido e nada parecia capaz de resistir a verdade do que pronunciaria:

— E por Faith Evans ter aceitado se casar comigo. Eu sou o homem mais agraciado do mundo por ter a honra de dividir minha vida com você — cada palavra soou carregada de sua emoção e me atingiu diretamente, lacrimejando meus olhos. Apertei sua mão em resposta, incapaz de proferir qualquer palavra. O sorriso compreensivo que se espalhou por seu rosto demonstrava que ele me entendia. Justin levantou minha mão direita, depositando um beijo leve em cima da aliança que simbolizava a eternidade estendida à nossa frente. Eu não conseguia imaginar felicidade maior do que aquela.

Eu estava tão alto nas nuvens que foi um baque e tanto o guincho que me puxou de volta a terra:

— Você disse o quê?! — Eleanor desengasgou as palavras uma oitava acima, ignorando suas próprias regras de etiqueta e comportamento adequado à mesa.

Meu olhar chocado recaiu sobre ela, contemplando-a tão vermelha quanto nas oportunidades em que Caleb e eu a envergonhávamos em frente as visitas. Bryan, por outro lado, se assemelhava muito a uma beringela, e eu não me lembrava de tê-lo visto daquela cor alguma vez. Encolhi-me atrás do ombro de Justin, recebendo uma auto reprimenda já que eu deveria protegê-lo deles, não usar seu corpo de escudo.

Mas, bem, se ele era o bonzão para assassinar pessoas, inclusive infratores poderosos, se sairia muito bem contra os meus inexperientes pais.

Por outro lado, eu não achava que eles fossem mesmo partir para violência, e ele lidava melhor com críticas e palavras grosseiras. Além de que sua família estaria do seu lado. A minha estaria contra mim.

Toda essa discussão solitária mental durou naquele segundo tenso de silêncio. Caleb estava com o cenho franzido, não completamente surpreso, mas feito alguém que recebe uma notícia já esperada e desagradável. Hanna estava perplexa, mas o canto da boca começava a tremer num sorriso. Não consegui seguir para minha análise do restante, aguardando de modo doloroso que meus pais falassem alguma coisa de útil.

— Por alguma razão excepcional, sua filha me estima tanto quanto eu a amo. Quero me comprometer diante de todas as forças existentes de que será para sempre.

Dessa vez eu ouvi o arfar emocionado de Hanna, não sem deixar de notar o meu próprio. Se eu não morresse de medo morreria de amor, mal tinha partes sólidas dentro de mim a esta altura. Foi engraçado ver Eleanor lutando contra o ultraje e o deleite do momento. Meus pais trocaram um longo olhar, buscando apoio um no outro sobre o que fazer. Eu mordi o lábio, aguardando o veredicto.

— Eu gostaria de ter a benção de vocês — Justin voltou a falar, atraindo a atenção dos dois — Sei que vocês querem o melhor para Faith, e gostaria que soubessem que esse é meu objetivo também. Lutarei diariamente para ser o melhor para ela, garantir sua segurança e felicidade acima da minha própria. Ela é minha prioridade — prometeu solenemente.

— Fala sério! — Hanna não se aguentou, exclamando toda derretida. Caleb lhe lançou um olhar de alerta e eu realmente ouvi algumas risadinhas. Lhe direcionei um sorriso trêmulo.

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