Delírio Coletivo

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— ... então por isso concluímos que a provável patologia que acomete o entrevistado é Transtorno bipolar com ansiedade — concluí com um gesto derradeiro.

— Muito bem, meninas, suponho que tenham aconselhado a procura de um profissional para investigar e tratar o caso... ? — Sr. Wright nos olhou por cima dos óculos, a preocupação inevitável de um profissional da área evidente.

Ava e eu trocamos um breve olhar.

— Claro. — Eu respondi.

Ryan praticamente se gabou do diagnóstico inexperiente e achou muito engraçada a minha sugestão de consultar um médico. Na verdade, riu até chorar, literalmente.

— Você é hilária, Faith — deu tapinhas em meu ombro.

Eu pensei em conversar com a Caitlin para que ela o convencesse, mas ainda não tivera oportunidade.

— Parabéns, então — o professor puxou as palmas, nos dispensando do encargo de encarar em pé a turma.

Respirei aliviada, sentindo um peso ser tirado dos meus ombros como sempre acontecia depois de apresentações de trabalho. Eu admito que me desenvolvo bem na hora de falar, mas a pressão e a falta de confiança em minha capacidade de memorização me deixa de mãos geladas.

Mal havíamos nos sentado e o Sr. Wright já dispensava a turma. Éramos a última dupla do último período, então meus colegas mal conseguiam manter a atenção por mais de alguns segundos, o que me ajudou muito e ao mesmo tempo me irritou — já que se sou obrigada a falar eles deveriam ouvir —, o fim das aulas na sexta feira trazia a bem vinda névoa de júbilo.

— Então, tem esse barzinho novo em frente ao High Park e Ethan me chamou para ir.

Fiquei satisfeita que Lucas ainda não tivesse se juntado a nós.

— Que ótimo, aposto que se divertirão bastante. — As coisas entre os dois parecia cada vez melhores, para a desgraça de Lucas.

— Sim, mas, ele pediu para estender o convite. É a inauguração e o estabelecimento é de um amigo dele, então quanto mais gente, melhor. Você aceita?

Cocei a cabeça, pensando em uma maneira educada de recusar a oferta. Eu planejava passar a noite com Justin, e depois de presenciar sua crise na quarta feira, achava bom ficarmos mais a vontade possível juntos — ou seja, sozinhos em casa.

— Não faça essa cara! Me dê uma força, eu não sei o que será de mim sozinha no meio dos amigos dele. Você sabe, é a primeira vez. — Apressou-me em me convencer.

— Bem, Ava...

— E eu não sei se consigo convencer o Lucas — olhou para os lados antes de cochichar —, ele anda bem estranho e já deixou claro o que pensa de Ethan.

— Hmmm... — Cega.

Estávamos passando pela porta, eu podia ver Lucas se dirigindo para mesma enquanto conversava com Taylor, nosso colega de pele acobreada e dentes pequenos, enquanto Ethan ainda estava sentado na última fileira em uma rodinha, provavelmente espalhando o convite.

— Você deve convidar seu namorado. E se quiser o... — hesitou — Ryan.

Tive que segurar o riso. A menção de Ryan fora pura educação, percebi. Ela não parecia muito confortável com a ideia de dividir a mesa com um provável psicótico.

— Ei, Lucas! Por favor? — Ela piscou amavelmente quando ele nos alcançou, o que o deixou de imediato desconfiado.

— Por favor o quê? — Disparou os olhos para mim, buscando uma pista.

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