Presa

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Vários pensamentos passaram em minha mente. Primeiro pensei que Justin não poderia conhecê-lo porque até onde eu sabia não o havia visto pessoalmente, pelo menos não comigo. Depois imaginei que Ryan deveria ter lhe mostrado uma foto que tirou em segredo ou ambos deram um jeito de encontrá-lo nas minhas costas. Então fiquei nervosa, sabendo que Justin não seria muito educado em abordá-lo, temi por ele. E por fim, me estressei: o que raios ele estava fazendo aqui? Ou era MUITA coincidência que ficássemos nos trombando ou ele realmente estava armando pra cima de mim. E tomando por base minhas experiências de vida aquilo não podia ser mero acaso do destino.

Justin finalizou a música naquele instante e tirou a correia dos ombros, seus fãs entoaram pedidos de "MAIS UM", mas ele se inclinou ao microfone com um sorriso visivelmente forçado, pelo menos aos meus olhos, e disse:

— Ethan, é sua vez.

Ethan, fingindo modéstia, saiu do lado de Seth balançando a cabeça e revirando os olhos, subiu ao palco e tomou a guitarra da mão de Justin. Ava me olhou muito empolgada, mas não pude corresponder à seu estado, de olhos nos movimentos ligeiros que Justin dava para descer dali. Ele chegou ao meu lado em uma batida de coração e eu perguntei apenas por praxe em seu ouvido, já que sua atitude já me dava a resposta:

— Você sabe quem é?

Ele assentiu uma vez, seu casaco estava abandonado no sofá, então apenas enrolou as mangas da camisa até o cotovelo, os olhos fixos como águia em sua presa. A seriedade de sua expressão me deu um enjoo repentino, todo o espírito de descontração abandonado para assumir sua fachada profissional, quase como se colocasse uma máscara fria e impenetrável. Fiquei com mais raiva de Roger por estragar aquilo e soube que eu mesma estava doida para lhe dar um soco na mandíbula.

Justin estendeu a mão para a minha antes de varrer o recinto com os olhos a procura de mais ameaças, e então marchou, me deixando atrás do seu corpo, até Roger. Dei um aceno de desculpas à Ava, mas com Ethan no palco ela mal me deu atenção.

— Justin, por favor, não se precipite. — Eu cochichei alarmada pra ele.

E antes que pudesse receber qualquer resposta tranquilizadora, estávamos em frente à Roger. Ele pareceu totalmente à vontade, tomando um gole do seu copo. Ergueu-o em nossa direção como um brinde.

— Oi, Faith. Vocês querem se sentar? Imagino que esse seja seu namorado? — Perguntou em dúvida, mas não de forma tão convincente.

Justin não esboçou reação, mas perguntou diretamente.

— Quem é você e o que você quer?

Roger demonstrou uma surpresa forçada.

— Ah, ela ainda não te falou sobre mim? Sou Roger, novo morador da região.

— Você está seguindo a minha família? E muito cuidado com sua resposta, Roger. Eu obtenho a verdade de qualquer forma, e vai ser pior se você mentir. — A fala esteticamente gentil não enganava.

Mas Roger não pareceu intimidado, pelo contrário, parecia que esperava justamente por isso.

— Bieber, não precisa me temer. Sentem-se para conversarmos, esperei ansiosamente por esse momento.

Fiquei tensa e quase me senti traída por ele realmente ter segundas intenções em nossos encontros "desmotivados". O miserável quase me enganara, Justin estava certo em desconfiar de todos, afinal. Então havia uma pitada de raiva também.

A mandíbula de Justin travou.

— Quem te mandou? Se fosse sensato, você me quereria o mais distante possível.

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