Compromisso

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— O quê? — Gaguejei em choque. Eu tinha ouvido tudo o que ele dissera, ou o que eu pensava que dissera, mas não conseguia assimilar as palavras. Não parecia verdade, não batia com o que eu havia me preparado durante o dia inteiro, praticamente por semanas.

Mas ainda que grande parte de mim rejeitasse a realidade do momento, parte significante já se deslumbrava com a possibilidade. Deslumbrar parecia uma palavra muito amena, a bem da verdade, e eu não acho que exista uma palavra que abarque toda a emoção que viajava por meu corpo.

Justin franziu o cenho de concentração, carregando o semblante de seriedade e intensidade.

— Case-se comigo, Faith Evans. Eu só tenho uma vida e eu quero vivê-la com você. Você é meu único amor, minha prioridade. Essa é a única vez que direi isso a alguém: meu coração é seu, para sempre.

Eu não percebi que havia perdido a força nas pernas até me ver de joelhos na frente dele, desmoronando por dentro e por fora.

— Eu pensei... eu pensei que você havia desistido... que você não queria... — balbuciei com voz fraca, suas palavras começavam a perfurar a névoa confusa em minha mente.

Olhei para suas mãos, onde estava a caixinha de veludo vermelha aninhando uma aliança prata incrustada com pedras preciosas azuis que se entrelaçavam em toda a sua extensão, no centro tomava a frente uma pedra de diamante que se projetava num desenho rebuscado como uma margarida, e representando o miolo, mais uma pedra preciosa azul clara. Arfei, era a joia mais linda que eu já havia visto na vida, e eu nunca fora muito de me importar com isso.

— Você ainda não entendeu, Faith? — Olhei pra ele de volta, atordoada. Sua mão livre se estendeu para o meu rosto, acariciando-o e espalhando a umidade que só podia ter transbordado dos meus olhos — Eu sempre vou querer você. Desculpa por te fazer pensar o contrário.

— Então você não vai terminar comigo? — Sussurrei, trêmula.

Um meio sorriso esticou seus lábios.

— Eu nunca poderia. Esperava que você fizesse isso.

Neguei com veemência, meu primeiro gesto enfático desde que entrara em seu carro.

— Eu não posso existir sem você — um calafrio de sinceridade me percorreu.

Seu rosto todo se contorceu, atravessado profundamente com algo parecido com dor.

— Vai se casar comigo? — Perguntou de novo.

Eu não sabia de onde viera, mas uma risadinha histérica escapou dos meus lábios. Aquelas palavras me atingiam mais do que qualquer coisa, carregavam um significado eterno, um compromisso divino e terreno, sinal de puro pertencimento e redenção. Tudo o que eu mais desejara era me entregar a ele, com absoluta confiança e por inteiro. Abusando de todos os clichês, acredito com tudo o que eu sou que fui feita para ele e ele foi feito para mim. E nada mais parecia certo se não estivéssemos juntos.

Estremeci com a força daquela verdade reverberando em meu corpo e me atirei contra ele, encontrando em sua solidez meu lugar no mundo, em seus braços me sinto imbatível, imortal e atemporal. Eu não precisaria de mais nada se estivesse ali para todo o sempre, podia sentir a benção de Deus nos envelopando naquela bolha, eu O havia invocado para se fazer presente naquela relação, e assim eu poderia literalmente enfrentar qualquer coisa. Meu corpo e mente sentiam-se tão dispostos a ponto de empurrar montanhas e derrubar prédios, e não mais ser esmagada por eles.

Justin se deixou cair no chão com o impacto, mas o movimento foi muito controlado para que eu pensasse ter sido só obra minha. Suas pernas envolveram as minhas e os braços as minhas costas.

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