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Passado (três anos atrás)

Sabe quando você precisa fingir ser alguém totalmente diferente apenas para que possa agradar aqueles ao seu redor? Pois bem, esse sou eu neste exato momento. Estou indo fazer minha matrícula na faculdade de direito, pelo simples fato de o meu pai querer que eu "fosse alguém na vida" e a única forma de conseguir isso, segundo ele, seria cursando direito.

A verdade é que estou começando a faculdade mais tarde do que o recomendado, tenho 23 anos e deveria ter iniciado o curso com 19 anos, mas preferi ter aulas de canto e guitarra durante quatro anos. Meu pai não ficou feliz com essa escolha, e sempre deixava isso muito claro, mas eu me concentrava para não deixar com que isso me desanimasse de investir no meu sonho. Infelizmente meu pai tinha chegado em seu limite e não tive uma escolha a não ser ingressar na faculdade e seguir os passos dele. "Talvez assim ele se orgulhe de mim", lembro-me de ter pensado.

Ter de sair das aulas de música me deixou muito mal, até porque aquilo era meu sonho. Toda a minha família sabia que eu ansiava em me tornar cantor, sempre tive essa expectativa desde que me entendo por gente, mas meus pais pareciam não entender isso e tentavam me fazer desistir em toda a oportunidade que tinham. Por sorte, minha irmã sempre esteve ao meu lado, me apoiando e dizendo que eu deveria seguir o meu coração. Gemma tinha cinco anos, mas sua confiança (em si mesma e em mim) me fazia acreditar que ela era mais velha. Agradeço à minha irmã por me manter aqui. Ela sempre me incentiva quando eu mais precisei.

Quando soube que seria irmão mais velho, uma onda de medo me consumiu. Minha vida nunca foi fácil e pensar que minha irmã poderia sofrer o mesmo que eu, me apavorou. Então fiz uma promessa comigo mesmo: eu sempre tentaria protegê-la da forma que eu fosse capaz. E acho que estou conseguindo.

Passado (um ano atrás)

Era meu aniversário de 25 anos e meus pais não estavam muito animados, sei que não é muito comum que um adulto more com os pais, mas a vida é tão mais fácil assim e, de qualquer forma, irei sair daqui assim que acabar a faculdade.

Havia acordado cedo com Gemma pulando em cima de mim e me desejando um feliz aniversário. Devo admitir que não gostei muito da ideia de ter uma irmã de início, mas preciso revelar que eu amo essa pequena, sinto que ela me mantém aqui sem ao menos ter consciência disso.

Tomo um banho rápido e coloco o melhor sorriso que podia no rosto, mesmo sem estar animado para meu aniversário, sabia que meus pais estavam fazendo de tudo para me deixar feliz. Então eu merecia estar feliz também, certo? Eu realmente não sei.

Os últimos meses têm sido difíceis para mim, não sei o que aconteceu mas eu venho me sentindo perdido, como se não tivesse um propósito. Talvez seja pressão psicológica comigo mesmo por estar fazendo a faculdade que meu pai queria para mim e estar tirando notas baixas.

- Hazza! Você escutou a mamãe? - Gemma havia me tirado de meus pensamentos e eu lhe lanço um sorriso enquanto concordo com a cabeça

- Escutei... Eu acho - ela ri e eu olho para nossa mãe que estava segurando a risada

- Eu perguntei se você quer comer bolo ou panquecas

"bolo..." Escuto minha irmã falar baixinho ao meu lado e sorrio largo mostrando as covinhas.

- Quero bolo mãe, obrigado.

Não arrisquei perguntar se meu pai estava presente, sabia que a resposta seria não.

Ele nunca se esforçou para ir em algum aniversário meu. Quando me tornei um adolescente parei de me importar se ele estava presente ou não, Des sempre trabalhava muito, mas ele costumava dizer que isso era necessário para que eu aprendesse que eu não teria tanto tempo para minha família no futuro.

O dia com minha mãe e minha irmã foi muito bom, nós saímos e eu consegui escapar um pouco da realidade mas é aquele velho ditado "tudo que é bom dura pouco". Antes de dormir minha mãe me chamou para conversar e disse que meu pai teria mais facilidade para o emprego dele em outro país, ou seja, nós teríamos que nos mudar para os Estados Unidos.

Não tinha muito como contestar, já estava tudo decidido.

***

Decidi que iria sair para aproveitar um pouco mais meu aniversário, já estava de madrugada e eu resolvi ir para casa na árvore da minha irmãzinha. Se tinha uma coisa que eu queria fazer para esquecer de tudo era fumar e escutar rock, eu amava isso e meu sonho era ser um rockstar muito famoso, mas meu pai já havia deixado claro que eu não poderia fazer nada disso.

"Harry você não tem talento e ser um rockstar não o trará dinheiro, você será um advogado, assumirá minha empresa e blá blá blá"

- E foi assim que eu entrei para a faculdade de direito - falo em um tom irônico enquanto dava mais uma tragada no cigarro e ria de minha própria desgraça.

Uma das músicas da banda The Rogue começou a tocar, eu amava essa banda e esperava conseguir ser igual a eles quando me tornasse mais velho, porém isso seria impossível já que eu teria que ser como meu pai.

Volto para dentro de casa após três maços de cigarro e ter cantado todas as músicas da banda, me sentindo um verdadeiro rockstar, infelizmente isso seria um sentimento para sempre, não teria talento para fazer meu sonho se tornar realidade.

***
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La di die [larry stylinson]Onde histórias criam vida. Descubra agora