XVII

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Alerta de gatilho: Depressão e palavras que podem servir como um gatilho para  automutilação.
Deixarei sinalizado quando o gatilho terminar.

Chego a conclusão de que não seria inteligente pensar que a minha lista está se encerrando mais rápido do que o esperado, fazer isso me deixava ansioso e seria bem fácil de funcionar como um gatilho para que eu acabasse com tudo de uma vez, não ia protestar caso eu realmente acabe fazendo isso, já estava cansado de acordar todos os dias.

Minha tristeza parecia diminuir quando eu estava longe de casa ou da faculdade, mas eu precisava ter alguém ao meu lado, senão meus pensamentos me dominariam e seria bem fácil ter uma recaída. Falando nisso, estou limpo a alguns dias, não havia feito nenhum corte e isso pode ser bom... Não sei mais o que pensar.

Acho que eu deveria ter parado de escutar meus pensamentos nesse exato momento, era como se eu já estivesse perdido dentro deles e eu sabia qual seria a única saída... Desejei nunca ter mencionado meus cortes.

Louis estava dormindo ao meu lado enquanto todas essas vozes deixavam a minha cabeça barulhenta. Ele fez questão de me abraçar durante a noite e também me beijou antes de dormir, eu gostei disso. Devo admitir que era muito bom ser beijado por ele, de certa forma me acalmava, mas eu tentava não deixar com que isso se tornasse uma coisa positiva, ele não estaria ao meu lado para sempre e eu tinha plena consciência disso.

Passo as mãos pelos meus braços enquanto me lembrava de todas as minhas cicatrizes que estavam ali, percebo que são tudo que tenho. Elas nunca me abandonaram e nunca me julgaram, muito pelo contrário, serviram como um conforto e uma forma de me aliviar quando tudo dava errado na minha vida. Era como se elas tivessem passado a ser meu refúgio ao longo dos anos.

Se parecia tão certo, por que eu as escondia?

Talvez eu não quisesse ser visto como uma aberração, as pessoas iriam me julgar mais do que o normal se descobrissem todos os meus gritos de socorro em forma de machucados. Volto a dizer, nenhum grito parece ser alto o suficiente, talvez eles precisem ser mais fundos... As vozes ficaram mais altas, eu precisava fazer elas sumirem e eu só teria um jeito de fazer isso. Não queria me machucar na casa de Louis e não queria que ele visse toda aquela bagunça, mas eu precisava, não conseguia me segurar.

Tento me levantar da cama, mas sou impedido, Louis me abraçou um pouco mais forte e eu revirei os olhos, era como se ele soubesse que eu estava prestes a fazer algo e isso me deixava irritado. Não insisto para levantar, acho que era melhor eu tentar dormir.

Fim do gatilho.

***

Sorrio ao sentir alguns beijos serem deixados por meu rosto, deduzo que estava de manhã e faço um biquinho por não querer levantar. A verdade é que eu estou cansado e com dor de cabeça, os pensamentos da madrugada não estavam tão fortes como antes, mas ainda estavam me machucando.

— Bom dia, Hazz! Vamos levantar — ás vezes eu gostaria de entender como ele conseguia ficar tão animado pela manhã.

— Lou... Ainda está cedo — fecho os meus olhos novamente e coloco meu rosto contra o travesseiro.

— Você parece um bebê de tão manhoso. Levanta, ou serei obrigado a te dar um ataque de cócegas...

— Uhum, claro, vou fingir que acredito.

Eu deveria ter acreditado. Louis começou a fazer cócegas em mim e isso despertou uma crise de risos enquanto eu tentava o afastar, o que acabou sendo em vão já que ele não se afastava.

— EU VOU LEVANTAR, LOU! — acabo falando alto entre risadas, ele para com as cócegas e eu me levanto.

— Sua risada é muito boa, serei obrigado a lhe dar ataques de cócegas mais vezes.

— Nem pense nisso, eu vou sair correndo.

Rimos ainda mais quando ele tentou me segurar e eu corri, dando início a um pequeno pique-pega, mas não parecia justo quando nós descemos para a sala e os cachorros ajudaram Louis a me pegar.

— Bruce e Cliff, seus traidores!

— Eles me deixam mais orgulhosos a cada dia — reviro os olhos e ele ri — Você está animado para conhecer a minha banda?

— Demais, só estou um pouco nervoso... — respondi enquanto começava a comer o café da manhã — Não sei se eles vão me odiar ou se eu vou conseguir interagir direito.

— Eles vão amar você... Se você se sentir desconfortável ou quiser sair por alguns minutos, pode apertar a minha mão e eu vou sair com você até que se sinta melhor.

— Tudo bem por mim, e como você sabe que eles vão me amar?

— Porque eu tenho falado muito sobre você — o olho, eu estava curioso — Não me julgue.

— Não vou, decidi que vou tentar viver o momento.

— Mesmo? — concordo com a cabeça — Eu fico feliz em ouvir isso, Hazz, de verdade.

Continuamos comendo e conversando por um tempinho, a casa de Louis tinha uma vista perfeita da cidade, ela parecia tão bonita de cima. Me levanto do lugar onde estava sentado e me aproximo da janela, sinto minha cintura ser abraçada e um beijinho ser depositado em minha bochecha.

— Obrigado por confiar em mim — falo baixinho.

— Como assim?

— Você me trouxe na sua casa mesmo sabendo que sou um fã, eu poderia vazar seu endereço, sabia?

— Sei que não vai fazer isso e você não precisa me agradecer.

Ele estava certo, eu não seria doido de vazar o endereço, mas ainda achava incrível o fato dele ter confiado em mim.

***

Meu nervosismo aumentava conforme Louis dirigia, ele segurava a minha mão e fazia um carinho nela, talvez na intenção de me acalmar um pouco e nada estava funcionando. Era bem difícil entender que eu realmente estava prestes a conhecer a minha banda favorita por completo. Entramos em um estacionamento e eu posso sentir minha respiração falhar.

— Chegamos, Hazz.

— Eu estou muito nervoso.

Sinto as mãos dele segurarem meu rosto com delicadeza para que eu o olhasse, um carinho é deixado em minha bochecha enquanto Louis se aproximava e me dava outro selinho demorado. De certa forma, isso me acalmou, acho que me ajudou a relembrar que não estou sozinho.

— Podemos entrar? — ele me pergunta.

— Podemos.

— Aperta a minha mão se acontecer alguma coisa.

***
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La di die [larry stylinson]Onde histórias criam vida. Descubra agora