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Soltei lentamente o ar que eu estava prendendo, estava sendo extremamente difícil me acalmar naquele momento e algo dentro de mim dizia que as coisas só iriam piorar. Sabia que Louis me abraçava com força, mas fiz um esforço para tirar os braços dele do meu corpo, eu precisava ficar sozinho. Depois de garantir que ele não havia acordado quando me levantei da cama, corri até o banheiro e tranquei a porta.

Mesmo sabendo que seria em vão, eu tentava me acalmar enquanto me encostava na parede. Podia sentir minha respiração falhar, meus olhos já se encontravam embaçados por conta das lágrimas que escorriam por meu rosto e eu sabia que já não estava mais no controle. Era como se uma corda estivesse amarrada em meu pescoço e alguém a apertava cada vez mais a cada segundo que se passava, eu precisava gritar por ajuda, mas sabia que não conseguiria fazer isso. Eu tentava repetir em minha mente que tudo estava bem, eu apenas precisava respirar. Essa não é a primeira crise de ansiedade que eu sofro, já era para eu ter me acostumado.

Retiro meu moletom, eu estava suando demais para continuar com ele. Encosto minhas mãos na bancada da pia e abaixo a cabeça, estava tentando fazer algum tipo de exercício de respiração e isso me deixava mais sufocado por saber que nada ajudava. Finalmente abro meus olhos e encaro meu reflexo no espelho, sentia que estava sendo um gatilho para mim mesmo, então voltei a encarar o chão.

Felizmente, depois de um tempo eu finalmente fui capaz de me acalmar e tive coragem de olhar meu reflexo no espelho novamente, olhava fixamente para meu rosto e tomava cuidado para não levar meus olhos aos meus braços. Pude perceber como minha pele estava pálida e isso fez com que a cor das minhas olheiras se sobressaíssem, eu até choraria por me ver, mas não tinha forças suficientes para isso e ainda estava um pouco desnorteado por conta da crise.

— Por que você existe? — Perguntei a mim mesmo.

Eu estava com raiva de mim. Ainda estava de noite e eu fui obrigado a levantar da cama por não ter capacidade de me controlar, eu odiava ter crises de ansiedade e odiava ainda mais saber que ela provavelmente foi ocasionada pelos meus próprios pensamentos, sempre era assim.

— Seja honesto com si mesmo e pare de fingir como se as coisas não fossem ter um fim. O que vai acontecer quando você morrer? Por que você espera tanto para acabar com tudo? Ninguém vai chorar se você simplesmente desaparecer, não seja ingênuo ao se achar importante na vida de alguém, você sabe que é um peso. — Meu tom de voz era sério, não tinha remorso em minhas falas.

Já não estava me preocupando, estava casado demais para raciocinar, mas não tão cansado para esquecer de todas essas palavras. Não entendia como estava sendo capaz de dizer aquelas coisas em voz alta.

— O que acontece se você ficar aqui? Apenas pense, a vida não vai ficar mais fácil e você vai ter que desistir em algum momento.

Era como se meus pensamentos estivessem controlando minhas falas, por algum motivo isso parecia ser mais doloroso. Acho que finalmente entendo o motivo de tantas pessoas odiarem o espelho, ele reflete essa imagem de nós que insiste em nos distorcer.

— Olhe a porra dos seus cortes, Harry! Por mais que não admita isso, você sempre tenta se convencer de que as pessoas levaram você a fazer isso com seu corpo, mas a realidade é que o único culpado aqui é você. Não foram eles que pegaram a lâmina e a passaram sobre seu braço.

Já me sentia exausto nesse ponto, ainda não me recuperei e já sentia estar na beira de outra recaída. Infelizmente aquela pergunta ainda estava em minha mente, por que eu existo?

— Harry...? Você está aí dentro? Está tudo bem?

Merda, Louis, você sempre precisa aparecer nos piores momentos. 

La di die [larry stylinson]Onde histórias criam vida. Descubra agora