La di die [larry stylinson]

XXIX

Alerta de gatilho: Automutilação e palavras que podem servir de gatilho para algumas pessoas. Peço que priorize sua saúde mental e não leia caso seja sensível a esses assuntos.
Deixarei sinalizado quando o gatilho acabar.

Meus cortes estavam sendo refúgio naquele momento.

Me encontrava no meu quarto, chorando, a porta estava trancada e eu me esforçava para não fazer nenhum barulho alto, minha irmã estava assistindo televisão na sala. As coisas com Gemma ficaram estranhas depois de segunda e isso estava me deixando extremamente preocupado, nós não estávamos conversando direito e eu me sentia culpado sobre tudo isso. Minha mente insistia em dizer que eu estava sendo um péssimo irmão.

Em uma tentativa de respirar fundo e finalmente acabar com aquela crise de choro que estava tendo, coloquei minhas mãos sobre meu rosto, mas isso não funcionou. Odiava como respirar pode ser uma coisa tão difícil em alguns momentos. Sentia como se alguém estivesse me enforcando, minha garganta parecia estar sendo fechada a cada segundo e meu corpo já estava trêmulo.

É apavorante saber que você chegou em um estado onde não consegue mais se controlar, eu tinha plena consciência de que minha situação estava piorando novamente e isso estava me desesperando, eu queria pedir ajuda, mas não podia. Não seria justo ocupar os outros com os meus problemas e, para falar a verdade, eles nem são tão sérios assim. Eu só precisava me aliviar, as coisas sempre melhoravam depois de alguns cortes.

Sem pensar muito, pego minha lâmina de dentro da mochila e a encaro durante alguns minutos.

"Você sabe muito bem que isso não vai ser o suficiente. Você merece algo mais afiado do que isso, Harry, vamos, a cozinha não está tão distante... Você sabe onde ficam as facas.", tinha uma voz em minha cabeça que insistia em repedir isso.

Não posso agir como se essa voz não estivesse me afetando, pensei em ir até a cozinha, mas eu sabia que seria preciso passar por minha irmã para fazer isso e não ia ter coragem de continuar. Fui obrigado a continuar com aquela lâmina, talvez fosse melhor encontrar algo que pudesse me machucar mais. Essa não era uma boa hora para pensar nisso. Retiro meu moletom e caminho até estar ficar em frente ao espelho, encarando meu reflexo por alguns minutos, de início eu apenas me encarava mas cometi o erro de descer o olhar até os machucados nos meus braços.

Eu senti raiva do que vi. Meus cortes estavam já estavam começando a cicatrizar e isso não era justo, eu não merecia melhorar, nunca pensei que conseguiria me odiar naquela intensidade, mas minhas mãos já estavam fechadas em punhos. Queria me socar.

Infelizmente não fiz isso, pensei em algo que seria bem mais doloroso para mim, eu estava com medo, mas era necessário. Peguei meu moletom novamente e coloco um pouco do tecido em minha boca, o suficiente para abafar meus gritos de dor. Minha respiração estava muito agitada, eu tentava respirar fundo em uma tentativa falha de me acalmar, meu choro era mais intenso e eu desejava acabar com tudo de uma vez.

Posicionei a lâmina sobre o meu pulso e respirei fundo antes de arrastar a ponta mais afiada de forma profunda sobre a minha pele, eu estava gritando mas meus gritos foram completamente abafados pelo tecido que estava em minha boca, me cortei em linha reta, começando por meu pulso e terminando no final do meu antebraço, todos os meus cortes estavam abertos novamente, mas isso não foi o suficiente para que eu parasse.

Fiz mais dois cortes em linha reta até que meus pensamentos ficassem em um completo silêncio, infelizmente minha visão escureceu e eu senti como se fosse desmaiar ali mesmo, então tentei respirar fundo. Eu sangrava como nunca. Minha mandíbula doía de tanto morder o moletom. Em um último pensamento racional, corri para o banheiro e lavei meus machucados, sentia a culpa me invadir por completo enquanto sentia toda aquela ardência já familiarizada.