VII

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"Lista de coisas para fazer antes de morrer"

Minhas mãos ficam trêmulas. Tomar a decisão de listar as coisas que vão me manter aqui tornam tudo muito real, acho que esse foi o momento em que eu tomei consciência de que não estaria mais aqui em nove meses e isso me fez chorar, por que eu não conseguia ser forte o suficiente?

Honestamente, eu não fazia ideia das coisas que seriam listadas, mas tentei dizer para mim mesmo que eu sempre poderia adicionar algo, uma tentativa falha de amenizar minhas ações.

"1º - levar minha irmã a Disney"

Recentemente Gemma ficou obcecada nos filmes da Disney, nós até brincamos de príncipe e princesa as vezes, acho que vai ser legal levá-la para se divertir.

"2º - ir no show do The Rogue"

Jamais poderia partir sem ver meus ídolos ao vivo, eles sempre me inspiraram muito e acho que vai ser incrível ir a um show deles.

"3º - dar meu primeiro beijo"

Não julgue.

Sempre sofri muito bullying e as pessoas sentiam nojo de me beijar... Não sei o motivo, mas acho que seria legal ter essa experiência antes de morrer, só preciso encontrar alguém que não tenha nojo de me beijar.

Era irônico pensar que apenas três coisas ocupariam minha cabeça durante nove meses. Talvez eu realmente devesse adiantar tudo, não era como se alguém fosse sentir falta.

Tento não pensar muito nisso, não queria que minha mente conseguisse me convencer. Ajeito minhas coisas e coloco minha mochila nas costas, voltando a andar sem ter um rumo certo.

***

Não sei muito bem por quanto tempo eu estava andando, muito menos sabia que horas eram, mas pude deduzir que estava longe pelo fato de não ver tantas lojas comerciais como antes. Me sentia exausto. O calor estava insuportável e eu não podia tirar meu moletom, isso me deixava tonto, tinha certeza que acabaria desmaiando.

Por sorte eu consigo ver uma loja de instrumentos musicais, sabia que me sentiria confortável naquele lugar, afinal, eu sou um músico... Ou era. Não penso muito, apenas entro ali para pedir um pouco d'água.

— Oi, licença... Eu estava andando por aqui e minha água acabou, então eu pensei em vir perguntar se eu podia pegar um pouco - falo para uma mulher que estava sentada em uma das cadeiras da loja.

A loja tinha uma decoração divertida, as paredes eram pintadas e enfeitadas com guitarras e alguns posters, inclusive alguns da The Rogue que eu nunca tinha visto.

— Oi, querido! Pode se sentar no sofá, eu vou pegar um pouco de água para você - a moça diz e vai para os fundos da loja, não demorando a voltar com um copo d'água — Aqui está, querido... Qual é o seu nome?

— Obrigado - dou um gole na água — Me chamo Harry... Desculpe por entrar aqui todo largado, não estou tendo uma boa semana, mas tudo bem.

— Não peça desculpas, quem sou eu para te julgar pelo jeito em que entrou aqui? Me chamo Johannah, mas pode me chamar de Jay! - ela disse com um sorriso no rosto — Você já comeu algo?

— Não... Para ser honesto, eu nem sei que horas são - rio sem graça.

Não entendia como ela não tinha me expulsado.

— São 13:48, por que não comeu? Sabe, eu tenho um filho, alguns para ser honesta, e ficaria muito preocupada se ele não comesse, o que sua mãe deve pensar?

Minhas mãos começaram a tremer, meus olhos se enxergam de lágrimas e eu a olhei.

— Eu posso te garantir que ela não se importa - minha voz saiu falha e algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto, mas logo tratei de secá-las.

— Ei, não chore - ela parecia se importar

— Me desculpa... Hm, obrigado pela água, acho que é melhor eu ir.

— Não vou deixar você ir sem antes comer algo. Olha, essa loja fica bem longe dos comércios grandes da cidade, não sei como você chegou aqui, mas eu posso ver que você não está bem... Fique um pouco, tudo bem?

— Eu realmente não quero atrapalhar, não precisa gastar seu tempo comigo.

— É claro que você não vai atrapalhar, muito menos desperdiçar meu tempo. Vem, minha casa fica nos fundos, só peço que não repare na bagunça, tenho sete filhos - ela parecia ocupada, eu deveria sair correndo.

— Sua casa não vai estar mais bagunçada do que a minha vida, posso te garantir isso...

Ela nega com a cabeça e me guia até estarmos dentro da casa dela. O local era grande e bem bonito, ela tinha vários posters e fotos da The Rogue, talvez fosse uma fã.

— Você é um gosta deles? - ela diz depois de me levar até a cozinha.

— Uhum, sou fã da banda.

— Isso é ótimo, também sou uma grande fã, quem é o seu favorito? Você aceita um sanduíche?

— O Louis, eles são uma inspiração para mim, sabe? Meu sonho sempre foi ser uma estrela do rock, mas as pessoas sempre riram de mim, então eu me trancava no meu quarto e tocava minha guitarra... Desculpa, eu estou falando demais - dou uma risadinha sem graça — Eu aceito o sanduíche, obrigado.

Conversar com a Jay era muito divertido para falar a verdade, nós rimos bastante e ela me deixou tocar algumas guitarras da loja. Estar naquele lugar pareceu deixar as coisas mais suaves, eu nem lembrei de todas as merdas que estavam acontecendo na minha vida.

Talvez eu devesse escrever uma carta de despedida para Jay também, deveria deixar ela sabendo que foi importante para mim, mesmo que só por algumas horas.

***
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La di die [larry stylinson]Onde histórias criam vida. Descubra agora