VIII

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— Você não vai arrumar nenhuma encrenca? - Jay me pergunta após checar o relógio — Já são 19:57, imagino que você tenha faltado o trabalho hoje... Eu devia ter checado as horas antes, me perdoe.

— Não se preocupe com isso, não tenho um emprego... E não peça desculpas, faz muito tempo que eu não me sinto alegre e você fez eu me sentir assim, obrigado.

— Fico feliz que você tenha se sentido bem, de verdade - ela me abraça e deixa um selar em minha testa — Imaginei que você tivesse um emprego, me disse que tem 26 anos, não é?

— Sim... Bom, hm... É um pouco complicado para mim... Não está fácil achar um emprego hoje em dia - invento essa desculpa e dou uma risadinha — Eu pretendo arrumar um emprego, não quero ter que depender dos meus pais por muito tempo, sabe?

— Uhum, sei sim. Olha, eu não posso te contratar assim do nada, mas o que você acha de vir amanhã e limpar a loja? Assim você pode ter um dinheiro extra e, não sei, talvez começar a economizar - eu a olho e nego com a cabeça, não podia exigir tanto — Olha, Harry, você parece ser um bom garoto, deixa eu te ajudar um pouco.

— Jay... Sinto que estou exigindo muito de você, não precisa fazer isso por mim, eu me viro.

— Não vou aceitar um não como resposta, espero que saiba disso.

— Acho que não tenho escolha então - ela comemora e me dá outro abraço.

Me sentia feliz por ter a leve impressão de que Jay me queria por perto, conversar com ela durante o dia foi uma das melhores coisas que já fiz. Eu me sentia verdadeiramente feliz e era como se eu tivesse me desligado de todas as coisas que me deixam mal.

Conversamos por mais um tempinho antes de dizermos tchau um para o outro. Jay parecia ser a figura materna que eu nunca tive, foi bom sentir esse carinho. Mas logo fico triste ao lembrar de que não poderia ver minha irmã, por um momento havia esquecido de que eu não poderia voltar para casa hoje.

Decido andar um pouco na intenção de procurar um lugar para passar a noite, poderia ser um hotel ou um motel, só não queria dormir em algum banco. De qualquer forma, acendo um cigarro e começo a fumar enquanto pensava nos bons momentos do meu dia, eu estava feliz.

Estava.

No passado.

Um carro passa por mim e depois da a ré para que pudesse ficar próximo. Sinto um calafrio percorrer meu corpo ao escutar a voz de Alex, o mesmo que tirou aquela foto minha no lago. Queria gritar por ajuda... Talvez eu devesse gritar por ajuda.

— Styles!

Como eles me encontraram? Eu estava, literalmente, no meio do nada. Será que me seguiram? Talvez eu tivesse colocado Jay em perigo. Como eu pude ser tão idiota? As coisas nunca funcionam ao meu favor, devia ter estranhado quando me senti feliz.

— Vamos lá, Harry. Não vai nos responder? Que tipo de amigo é você? - Jeff diz um pouco lento.

Não consegui dizer nada, eles já estavam fora do carro e se aproximavam cada vez mais de mim. Pude perceber que estavam bêbados pelo odor forte de álcool em suas roupas, isso me deixou com medo.

— Me deixem ir, eu só quero descansar - falo com a voz baixa.

— Cala a porra da boca! Você fez com que nós fôssemos chamados na diretoria, está na hora de pagar por isso.

Meus olhos se encheram de lágrimas e eu fui empurrado no chão. A risada deles era ensurdecedora e eu desejei desaparecer no momento  em que percebi Alex caminhar em minha direção. Ele segurou a gola do meu moletom e sua mão se fechou em um punho, tentei de todas as formas me afastar, porém não pude. Eu não consegui.

Comecei a chorar e implorei para que eles não fizessem nada, mas um tapa foi depositado em meu rosto.

— Cala a boca, Styles! - Jeff diz e segura meus braços para que eu parasse de me debater.

Eu gritei.

Não sei o que aconteceu depois disso. Não entendia qual força divina resolveu me proteger, mas eu agradeci quando vi outro carro parar perto de nós. Meus olhos estavam embaçados, então não consegui ver direito quem era, porém essa pessoa me tirou de perto dos garotos.

— Que porra vocês estão fazendo com ele? - fui deixado em um banco, aquela voz me parecia familiar.

Coloquei minhas mãos sobre o meu rosto e comecei a chorar excessivamente. Eu tremia e sentia medo, desejava desaparecer. Por mais que eu tenha sido tirado de perto dos garotos, eu ainda não sabia o que aquela outra pessoa queria.

***
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Feliz véspera de ano novo para vocês!

La di die [larry stylinson]Onde histórias criam vida. Descubra agora