XXII

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"Ei, você ainda está aí?"

Depois de longos minutos em completo silêncio, Louis finalmente se pronuncia e eu acabo sorrido com isso. Era nítido nosso nervosismo, sinto que nós dois não sabíamos ao certo o que falar, o clima ainda estava estranho e eu sabia que tudo aquilo era minha culpa.

"Estou sim. Queria pedir desculpas pelo jeito em que eu te tratei na última semana... Nunca tive alguém que se importasse tanto comigo como você, estava com medo de te perder e resolvi te afastar para me proteger disso. Não adiantou muito, mas eu tentei, me desculpa."

"Não precisa pedir desculpas, sei que ter alguém ao seu lado é uma coisa nova, mas eu não posso fingir que não fiquei triste, entende? Me machucou ver o quão distante você estava e eu tentei me manter forte para você não pensar que era sua culpa, até porque não é."

"Claro que é, Lou. É um mecanismo de defesa idiota e nem eu o entendo muito bem."

"Não precisa se preocupar com isso, não estou triste com você."

"Não?"

"Nem um pouco, estou feliz que tenha ligado..."

Me sentia feliz em saber que Louis não estava triste comigo, talvez toda aquela recaída tivesse sido em vão. Todas são, minha mente sempre arruma um jeito de fazer as coisas mais absurdas se tornarem realidade e eu acho que isso sempre vai me assustar.

"Como conseguiu meu número? Achei que estivesse sem celular."

"Consegui pegar meu celular hoje, foi a sua mãe que me deu seu número, estou na casa dela com a minha irmã."

"Aconteceu alguma coisa na sua casa?"

Não parecia certo contar toda a verdade para Louis, ele é inteligente, poderia descobrir que eu estou me machucando e eu não posso deixar com que ele veja isso, meu pai estava certo, as pessoas sairiam de perto de mim quando me conhecessem por completo, seria doloroso demais perde-lo mais uma vez.

Por outro lado, já estava ficando insuportável carregar todo esse peso em minhas costas, eu precisava desabafar com alguém e também precisava de ajuda, tinha consciência disso. Talvez eu pudesse contar algumas coisas que meu pai me disse e esperar que ele entenda o que eu realmente quero dizer, Louis seria capaz de raciocinar que eu estou com algum problema... Não, não posso fazer isso, seria egoísmo jogar todo esse peso sobre ele.

Ou talvez eu possa... Ele não iria me julgar, certo?

"Na verdade sim... Meus pais voltaram de viagem e eles estavam discutin-", fui interrompido.

"Hazz, me desculpa, eu preciso subir no palco agora, podemos conversar mais tarde?", fecho meus olhos com força e respiro fundo.

"Claro, bom show, Lou."

"Obrigado, Hazz."

Não consegui conter meu choro uma vez que a ligação foi encerrada. Eu nunca confiei o suficiente em alguém para conseguir desabafar e, quando eu finalmente tomo coragem para fazer isso, ele não pode me ouvir, é sufocante saber que ninguém está te escutando. Acabo deixando meu celular sobre minha perna e passo minhas mãos sobre o meu rosto, era como se minha garganta estivesse fechando e meus pensamentos voltaram a ser barulhentos, eu sabia o que precisava fazer para que eles desaparecessem.

Me sentia como um escravo da minha própria mente e isso era cansativo demais.

Ponho meu celular em meu bolso e volto para dentro de casa, subo até o quarto onde minha irmã estava dormindo e tomo muito cuidado para não acordá-la enquanto pegava minha mochila. Gemma parecia uma princesa, me senti culpado por estar prestes a me machucar mais uma vez, mas eu não tenho controle, ninguém me avisou que os cortes virariam um vício e eu não tinha como parar.

— Maninho? — Escuto Gemma me chamar enquanto eu caminhava para fora do quarto.

Acho que esse é um dos momentos onde você percebe que seus problemas precisam ser deixados de lado e sua postura como irmão deve vir à tona. Não posso mentir e dizer que isso era algo bom, eu precisava me aliviar de alguma forma e minha irmã estava atrasando isso, não posso reclamar, posso? Ela é minha prioridade.

— O que aconteceu, princesa? — Deixo minha mochila no chão e me aproximo dela.

— Não consigo dormir, desculpa... — Escutar aquilo partiu meu coração, ela estava verdadeiramente triste por não conseguir dormir.

— Ei, ei! Não peça desculpas, não é sua culpa, meu amor. — Pego minha irmã no colo e a abraço bem apertado.

— O papai briga comigo quando eu não durmo.

Tenho certeza de que nada poderia me deixar com mais raiva do que escutar aquilo. Desmond podia fazer o que quisesse comigo, mas não com a minha irmã. Toda a raiva que eu guardava dele parecia estar triplicando dentro de mim e eu desejei que ele morresse, não queria mais ter que lidar com aquele homem e eu não deixaria ele foder com o psicológico da minha irmã. Não quero que ela acabe como eu e vou me certificar disso.

— Não precisa chamar ele de papai, maninha. Algumas pessoas são pais, mas isso não significa que eles honrem esse título, entende?

— Não entendi, Hazza.

— O Des não é uma pessoa boa e tudo bem se você pensar isso, não significa que ele seja um bom pai só porque ele é um pai.

— Mas ele é nosso pai, a gente não deve amar ele?

— Não, nós devemos amar as pessoas que nos fazem bem. Me diz uma coisa, como você se sente quando ele briga com você?

— Culpada... Ele sempre me faz chorar e eu não consigo dormir.

— Sobre todas as coisas que ele já brigou com você, quantas você acha que realmente são sua culpa?

— Nenhuma, papai briga comigo quando eu assisto desenho ou quando eu estou brincando, eu não entendo. — Tento respirar fundo, tenho certeza que entraria em uma briga quando visse meu pai na minha frente.

— Está vendo? Ele fez você se sentir mal por coisas que não são sua culpa, você não precisa gostar de pessoas que te tratam assim. — Ela me olha e eu deixo um beijinho em sua testa. — Eu sei que isso pode não fazer sentido agora, mas eu não vou estar aqui para sempre, entende? Quero deixar algumas coisinhas na sua cabeça, até porque esse mundo pode ser horrível e eu não quero que você passe pelas mesmas coisas que eu. O maninho te ama mais que tudo e eu peço que você nunca se esqueça disso, eu sempre vou estar ao seu lado, mesmo quando eu for embora. Você é o meu orgulho e eu não quero que o nosso pai consiga interferir na sua vida.

— Maninho, não fala assim, parece que você vai morrer e eu não gosto disso. — Gemma tinha os olhos cheios de lágrimas, eu também não estava muito diferente.

— Meu amor, vai ter um dia que o maninho não vai mais estar aqui... E, independente do que acontecer, nada é sua culpa, você me deu forças para continuar, tudo bem? — Ela concorda com a cabeça e eu seco algumas lágrimas que caiam por seu rosto. — Eu te amo mais do que tudo nesse mundo.

— Eu te amo mais, Hazza.

***
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(chorei igual a uma condenada enquanto escrevia esse capítulo, meu deus.

La di die [larry stylinson]Onde histórias criam vida. Descubra agora