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Alerta de gatilho: Depressão, palavras que podem servir como gatilho para algumas pessoas e automutilação. Peço que não leia caso ache que isso possa lhe fazer mal, priorize a sua saúde mental.

Uma dor de cabeça forte pareceu me consumir e isso fez com que eu despertasse, só então percebendo que eu havia dormido no chão. Não consigo me lembrar das coisas que aconteceram ontem, mas posso deduzir que havia me cortado novamente por conta das gotas de sangue que estavam ao meu lado, assim como a lâmina. Era triste em saber que eu havia estragado tudo mais uma vez, por que eu não conseguia ser feliz e normal como qualquer uma pessoa? Me sinto um idiota por não conseguir me controlar e talvez eu realmente devesses machucar.

Ergo meu corpo para que pudesse ficar sentado no chão e sou surpreendido quando não sinto minha mão esquerda, isso me desesperou. Olho para o meu pulso e percebo um corte novo ali, ele era bem mais profundo do que os outros, eu era azarado o suficiente para ter acertado um músculo e isso explicaria a perda dos movimentos da minha mão.

— Ótimo, você foi burro o suficiente para foder com a sua mão. — Falo para mim mesmo enquanto me olhava no espelho.

Pelo menos minha mente estava em silêncio, eu gostava quando isso acontecia, era tão bom... Os cortes eram meus amigos, eles me ajudavam a ficar em paz novamente, então eu não deveria parar. Minha mente ficava barulhenta sem eles.

Me levanto com dificuldade e caminho até o banheiro, precisava tomar um banho. Por sorte eu consegui movimentar minha mão um pouco mais é isso me fez sorrir, minha maior preocupação naquele momento era saber se as pessoas conseguiriam notar que algo estava errado, mas acho que a resposta para isso era um pouco óbvia.

Fim do gatilho.

***

Não consegui comer depois de tudo aquilo que aconteceu, eu ainda estava me punindo por ter me divertido nos últimos dias. Meus olhos estavam vermelhos e eu já não sabia exatamente se era por conta da maconha que estava fumando ou do meu choro constante.

Algumas horas se passaram desde a minha recaída e eu ainda não conseguia mover minha mão cem por cento. Ela estava melhor do que antes e isso deve ser bom, eu já não sei ao certo. Meus pensamentos estavam uma completa bagunça e eu me lembrei de semanas atrás quando eu me perguntava como consegui chegar nesse estado.

É angustiante se sentir preso em sua própria mente.

Tento fumar mais para não dar ouvidos aos meus pensamentos, tudo era doloroso demais e eu não estava com paciência para lidar com eles nesse momento. Eu estava no chão do meu quarto, apenas de cueca, enquanto tentava não me olhar no espelho, não sei ao certo como isso aconteceu, mas eu havia me tornado um gatilho para mim mesmo.

Sou obrigado a sair da minha bolha de pensamento quando escuto a campainha tocar, estranho isso, eu não tenho amigos e minha família sairia entrando... Enfim, decido olhar pela janela para tentar enxergar quem poderia ser, infelizmente isso foi em vão, teria que abrir a porta para descobrir quem seria.

Coloco uma calça moletom, uma segunda pele para não mostrar meus machucados e um moletom por cima antes de caminhar até o primeiro andar da casa.

— Quem é? — Falo com a voz baixa após me aproximar da porta.

— Harry? É a Jay, vim ver como você está.

Respiro fundo e limpo as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Seria difícil colocar um sorriso no meu rosto, mas eu tento não pensar muito sobre isso, era só mostrar que eu estava "bem".

La di die [larry stylinson]Onde histórias criam vida. Descubra agora