Capítulo 35 -✨

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New York city, Ludmilla Oliveira, quarta, 24 de fevereiro, 2018.

04:32 AM 

Acordei com gemidos caninos desesperados. Depois um choro. Logo me coloquei sentado: Luke.

Peguei as muletas do chão e logo me equipei, saindo do quarto em tempo recorde. O choro estava baixinho agora. Desci as escadas, tentando não pisar errado, ou apoiar de forma que eu caísse de novo da escada. Amaldiçoei cada degrau enquanto descia. Maldita
escada!

Ao chegar no chão, me projetei para frente, logo virando e entrando na sala. Meu coração na garganta. Até que a cena me fez parar. Brunna estava de pé, com Luke no colo. Ninandoo como um bebê, falando coisas como "shh... Tá tudo bem. Calma... já passou...". O filhote estava mesmo se acalmando, o choro quase inaudível agora, eram apenas resmungos. Ela
continuava a balança-lo com carinho.

Seu ser era como uma sombra escura no ambiente. A sala estava um verdadeiro breu. A única luz iluminando o local quase deserto (minha sala de estar enorme) era dos prédios, arranhacéis e das ruas. Poucos carros passando lá embaixo... Perdi a conta de quantas vezes fiquei imaginando e criando histórias da vida das pessoas. Sua voz foi suave como uma pena:

-- Ludmilla? - Pisquei. Voltando a realidade, Brunna ainda estava de costas. Demorei um pouco para respondê-la.

-- Sim?

-- Você também se perde em pensamentos com essa vista? - Ela se virou.

Ver seus olhos brilhando como faróis em minha direção. O cabelo loiro com um tom mais escuro pela falta de luz. Os fios levamente ondulados e emaranhados. As curvas do rosto finas e acentuadas. Olhar sua boca foi minha perdição; Os lábios um pouco rachados, entreabertos. O perfil de seu rosto contra a luz era mágico... descer o olhar para suas curvas foi ainda mais escaldante. O pijama velho e pouco apertado. Moldando-a da forma certa. Perfeita. Tão linda. Tão maravilhosamente e encantadoramente...

-- Linda. - Ela disse. Brunna estaria lendo meus pensamentos?! -- A vista. É linda. - Você é mais.

-- É. - Acenei com a cabeça para o sofá. -- Luke não parece ser leve. - Ela sorriu para o filhotinho adormecido em seu colo.

-- Ele é pesado, admito. - Brunna se sentou no sofá, com Luke no colo. Ele se remexeu e voltou a dormir.

-- Onde está a Pauline? - Perguntei. Brunna sorriu de canto, acariciando as orelhas do filhote.

-- Deve estar dando uma volta pelo apartamento. - Um silêncio chato tomou conta do ambiente.

-- Posso fazer companhia? - Perguntei, hesitante.

-- Claro. - Ela deu uma risadinha. -- A casa é sua. - Rimos, enquanto eu me sentava ao seu lado.

-- Eu acho que o Marcos é gay. - Ela disse de repente. Arregalei os olhos. Brunna se virou para mim.

-- Ele é?

Fiquei em silêncio. Não devia e nem ia compartilhar um segredo do meu melhor amigo. Mesmo se fosse para minha paixonite secreta (Senhor, como isso soa adolecente). Ela sorriu de canto.

-- Seu silêncio só afirma minha dúvida.

-- Não vou falar sobre isso. - Disse da forma mais delicada possível. -- É algo relacionado ao Marcos. E muito delicado. Me desculpe de verdade, mas não sou de ficar falando segredos dos outros para... - meus amores -- ... outras pessoas. - Disse por fim.
Ela não pareceu incomodada.

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