Capítulo 46 - ✨

830 88 26
                                    


New York city, Ludmilla Oliveira, sábado, 10 de novembro, 2018.
18:30 PM

Seis meses.

Literalmente seis meses.

Fazia exatamente seis meses desde que tudo havia acontecido. Como Gabriel dizia carinhosamente, Brunna era uma vírgula - que pausou a frase, mas não o fim de tal. O quê eu mais ansiava era pelo dia que ela acordaria, e estaria tudo bem. Meu mundo estaria no lugar. Eu estaria novamente completa. Mas de acordo com o tempo que havia passado... ela parecia que nunca acordaria.

Eu ia basicamente todos os dias ao hospital. Vê-la. Cantar para ela, segurar sua mão e beijar sua testa. Dizendo para nós dois que tudo ficaria bem. Bruno também ia praticamente todos os dias antes de mim. Eu caí totalmente na rotina. Me jogando de cabeça no trabalho. Não deixando minha mente desocupada por nenhum segundo. Eu tinha medo dos meus pensamentos.

Todos os dias eu acordava cedo, não comia nada e ia direto para o trabalho - tinha minha quase formação na área, então já atuava na empresa - logo depois comia algo no almoço e trabalhava mais. Depois eu ia direto para o hospital, ficava com Brunna até não poder mais e ia para casa. Chegava e comia algo que me desse energia. Ou simplesmente tomava um energético. E ia correr no Central Park com Luke - o cachorro estava enorme! Quando ficava em pé, suas patas batias quase nos meus ombros. Mas seu rosto de bebê era uma marca, assim como os olhos azuis. Logo depois eu treinava na minha academia pessoal, tomava banho, comia, e caia na cama.

Mas eu quase nunca dormia. Minha mente sempre estava cheia demais para relaxar. Eu estava vivendo o verdadeiro inferno. A rotina me cansava. Os remédios por si só não adiantavam. Fazia muito tempo que eu não saía ou via Marcos, Paty e Max. Me jogando na
rotina sozinha. Sendo uma pedra que chorava todos os dias quando chegava no hospital. Eu estava exausta.

Mas... eu sempre sorria para eles... Ninguém nota suas lágrimas, ninguém notas sua tristeza, ninguém notas suas mágoas... Mas todos notam seus erros.

Ao lembrar do que minha vó me disse eu quase comecei a chorar na porra do carro. Parei perto do parque onde ficava a casa de Marcos. Respirei fundo e limpei minhas lágrimas, respondendo a mensagem de Bruno. Paty me ligou. Respirei fundo e pigarreei, atentendo.

-- Alô? - Disse.

-- Oi, lud! - Paty parecia feliz e preocupada. - Você pode passar aqui em casa?

-- Algo aconteceu? - Logo imaginei todas as possibilidades ruins no mundo. Meu coração acelerando com as paranóias.

-- Não. - Ela suspirou. - Eu só... Nós só estamos morrendo de saudade de você.

-- Marcos está aí? - Perguntei.

-- Ele foi deixar o Gabriel em casa. E o Max saiu. Eu estou sozinha. - Ela fez uma pausa. - Eu queria conversar com você. - Umideci os lábios e respirei fundo.

-- Não vou poder ficar muito. Tenho coisas para fazee ainda.

-- Tudo bem! - Percebi a animação em sua voz e dei um sorriso fraco. - Estou te esperando!

Então nos despedimos e ela desligou.

》 《

-- Ludmilla! - Paty pulou e me abraçou assim que abriu a porta. - Que saudade!

-- Eu também estava. - Disse contra os cabelos dela.

-- Vem. - Ela me puxou para dentro da casa. - Entra.

Touch-me (GIP)Onde histórias criam vida. Descubra agora