#DeusesDeMetal
Este é um capítulo especial.
gatilho: abandono parental
Ser uma pessoa sozinha no mundo não tem propósito. É por isso que sempre vai existir mais uma pessoa sozinha por aí, para que assim o destino dê um jeito de juntar as duas.
Seojjog # 11 anos
ㅡ Hoseok, essa é sua quarta manga. Você vai morrer, menino!
O garoto de longos cabelos ruivos parou de levar a fruta à boca e virou o rosto para a mãe com a boca lambuzada de manga.
ㅡ Você previu isso?
ㅡ A senhora! ㅡ ela corrigiu, dando um tapa forte no braço dele.
Hoseok se desequilibrou para a frente, gritou e se abraçou ao tronco da árvore, soltando a manga, que caiu dois metros até o chão.
ㅡ Quase me derrubou do galho! Não é a manga que vai me matar, é a senhora.
A mãe, sentada ao lado dele no galho, riu da reação e trouxe o próprio cabelo alaranjado para a frente dos ombros, onde começou a trançar seu enorme comprimento. Era uma mulher que aprendeu a ser despreocupada e bem-humorada, porque sem isso teria enlouquecido com sua condição.
ㅡ Se você morrer de uma quedinha dessas, não é meu filho.
Hoseok fez uma careta rápida, como se dissesse para ela que estava chateado, mas o rosto sorridente da mãe era uma cura mágica para sua irritação. Ele sabia pouco sobre como eram as outras mães e filhos, mas imaginava que se fossem como eles dois então todas as crianças deviam ser muito felizes.
Ele esticou o braço e colheu outra manga, enfiando os dedos na casca para abrir.
ㅡ Hoseok... Você queria não ser meu filho?
ㅡ E eu seria filho de quem, mulher?
Ela abaixou a cabeça e trançou o cabelo em silêncio por um tempo. Depois deu de ombros. Já tinha se arrependido de ter feito a pergunta.
ㅡ Não sei. Alguém da vila.
O garoto deu uma grande mordida barulhenta na fruta e falou de boca cheia:
ㅡ Não gosto da vila. Eles me olham torto por causa da maldição.
ㅡ Mas aí é que 'tá. Se você não fosse meu filho, eles não te olhariam torto.
Hoseok não estava entendendo o ponto daquela conversa. Tentou dar mais uma mordida na manga, mas percebeu que tinha perdido a vontade de continuar comendo e a deixou presa entre dois galhos. Quando olhou para sua mãe, ela ainda estava de cabeça baixa e tinha parado de mexer os dedos. Os cabelos dela eram alaranjados e lisos como os dele, assim como a pele leitosa e os olhos castanhos claro. Se Hoseok não fosse filho dela então nem seria Hoseok.
Ele levou sua mão ao topo da cabeça dela e lhe fez carinho. Era quase tão grande quanto a mãe naquela idade. A mulher virou seus grandes olhos para o filho e depois sorriu com carinho e também tristeza por saber o que significava para os dois tocar um ao outro. Era uma espécie de pequeno sacrifício: Ver a morte de quem se ama para que essa pessoa pudesse sentir um pouco de amor.
Hoseok respirou fundo e retirou a mão, sentindo vontade de chorar.
Então sua mãe começou a murmurar uma canção sobre frutas enquanto balançava as pernas que pendiam do galho. Ela moveu lentamente o corpo da esquerda para a direita e vice-versa, até que Hoseok encostou seu ombro no dela, os dois cobertos por roupa, e eles passaram a balançar juntos ao som do que ela cantava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
imperfeitos: deuses de metal ; livro 1
ФанфикEm meio a segredos dos mortos e magias desconhecidas, Park Jimin, um criador de autômatos do país de metal, chama a atenção de um casal no topo da hierarquia social e se envolve numa teia de manipulações na qual é difícil saber quem está errado e qu...