#DeusesDeMetal
Ferro, 01 de Granada de 122 d.S.
O resto do jogo entrou por um ouvido de Jimin e saiu pelo outro enquanto o resto dos convidados chegavam e mais coisas eram explicadas que ele não dava a mínima importância. Tinha tanta coisa para se preocupar, que acabou se preocupando com nada. Foi como reviver o luto por Yerim, agora duas vezes mais forte. Inclinou-se para frente e colocou a mão no estômago, enjoado.
Ficou assim até um par de sapatos pretos lustrosos entrar no seu campo de visão. Jimin subiu o olhar e suspirou, exausto.
— Admito, o seu disfarce está muito bom — Yoongi disse. — Hansol teve que me dizer que é você. O que fez com seu cabelo?
Jimin levantou da cadeira, finalmente tirando sua máscara, já que ela não tinha mais serventia.
— Não fale comigo como se fôssemos amigos. Você é um monstro.
O ministro não pareceu se ofender. De fato, olhou para Jimin com certa pena.
— Monstro é uma palavra inventada para alguns humanos não se sentirem mal ao serem da mesma espécie que outros humanos considerados cruéis. Afinal, eles não querem nem saber da hipótese de que são capazes de fazer as mesmas coisas as quais abominam.
— Talvez. Mas eu nunca disse que eu também não sou um monstro.
Depois de falar, Jimin deu a volta por Yoongi e se afastou dele. Ainda faltava cinco horas até a festa acabar, ao amanhecer, e Jimin precisava de mais tempo para assimilar a conversa com Jungkook e seu próprio surto de loucura. Precisava comer e precisava sentar num canto e tirar um cochilo, mas como sabia que esse último era improvável, contentou-se em apenas comer. Ficou perto do elevador, esperando um grupo escasso para descer junto, e procurou com os olhos saber onde estavam seus inimigos.
Seulgi conversava com três pessoas, sendo uma delas Taehyung. Jimin sabia que eles eram primos porque aprendeu de Yoongi que Seulgi era uma princesa de Bugjjog, e por um motivo que ele desconhecia, não tinha cabelo vermelho, enquanto Taehyung era filho da irmã da rainha. Jimin achava que Seulgi parecia muito com o tipo de gente criada lá, mas Taehyung nem tanto. Ele era, de alguma forma, delicado, simpático e meio covarde. No entanto, Jimin sabia por experiência própria que nem toda pessoa forte é arrogante e nem toda pessoa arrogante é forte.
Moveu os olhos mais pelo jardim e encontrou Yoongi conversando com alguns guardas, dentre eles uma mulher de tapa-olho que segurava um chicote. Jimin se sentiu mal ao pensar nela usando aquele chicote em Jungkook. Lembrou que ele tinha cicatrizes nas mãos e no rosto, provavelmente de seu tempo como soldado. O exército de Dongjjog era o pesadelo de qualquer homem que o conhecesse. Muitos se alistam por falta de emprego, mas pelo menos metade é composta de escravos, não do tipo capturados, que trabalham até exaustão e passam fome como os que construíram Sarang, mas do tipo excluído pela sociedade, que ou seguem ordens para "tomarem jeito na vida" ou são mortos.
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imperfeitos: deuses de metal ; livro 1
Fiksi PenggemarEm meio a segredos dos mortos e magias desconhecidas, Park Jimin, um criador de autômatos do país de metal, chama a atenção de um casal no topo da hierarquia social e se envolve numa teia de manipulações na qual é difícil saber quem está errado e qu...