#DeusesDeMetal
Estanho, 03 de Granada de 122 d.S.
Jimin abriu os olhos e passou alguns segundos flutuando no vazio de sua mente.
Sentia-se revigorado e não lembrava de ter sonhado as cenas estranhas que frequentemente o perturbavam no sono. Fazia muito tempo que ele não acordava daquele jeito.
Contudo, com o tempo, memórias da noite do baile começaram a aparecer sua mente uma atrás da outra, desordenadas: a voz de Yerim, a passagem secreta, Taehyung falando com ele no hospital, o tiro na perna, Jungkook prisioneiro, Seulgi traindo Yoongi, Sooyoung lhe contando sobre Namjoon, Hana morta. Tudo doía, mas estava nublado, dormente perante seu descanso.
Respirou fundo e olhou ao redor. Estava em seu apartamento, onde pouca luz do sol passava através da cortina fechada, e não havia sinal de Sooyoung. Estranhou estar vestido em seu pijama, olhou para a canela direita onde a barra da calça cinza estava dobrada e tocou a faixa sobre a ferida do tiro, não sentindo mais dor. Desamarrou o esparadrapo e viu que havia uma pasta azul na sua pele. Concluiu que Sooyoung encontrou remédio bom e passou nele. Limpou a pasta com o pano, encontrando nem mesmo uma cicatriz.
Sentiu-se burro de nunca ter achado que aquilo era magia. Ele tinha o costume de acreditar que a ciência feita com a natureza era capaz de tudo. Queria ter sabido antes, queria que Yerim tivesse confiado nele.
Jimin levantou o rosto e observou o resto do quarto, finalmente notando algo fora do normal. Uma das estantes havia sido afastada e na parede tinha um caos de papeis, alguns com coisas escritas, outros com desenhos mal feitos, e havia fios de cobre conectando-os.
Ele saiu da cama e olhou a parede mais de perto.
— Mini Park fez isso?
Mas não poderia ter sido ela, lembrou. Além de Sooyoung não saber escrever tão bem, aqueles papéis falavam de situações e pessoas que Jimin nunca havia lhe contado. Tentou lembrar se ele mesmo havia feito aquilo, no entanto aquela não era sua letra e ele não recordava nem de ter voltado ao seu apartamento depois de seguir Sooyoung e ela lhe dar um tapa.
Tocou em um dos papéis logo na sua frente e prestou atenção no estado dos seus dedos, algo que não havia notado antes. Havia tinta preta embaixo das unhas. Quase parecia que ele realmente tinha escrito aquilo e não lembrava. Mas aquela letra... Via-a sempre que abria seu caderno de vendas, atualizado por Yerim quando eles trabalhavam juntos comercializando autômatos.
Colocou a mão sobre o peito ao sentir um aperto no coração.
— Não pode ser.
Ainda assim, Jimin foi até uma das suas mesas e tirou duas pastas de cima do caderno. Quando o segurou, tirou a poeira da capa com a palma da mão e um sopro e o levou até os papéis colados. Abriu em uma página qualquer, aproximando as letras do caderno das letras na parede. Era uma escrita desgarrada, como se feita às pressas, porque ela não se importava que Jimin não pudesse entender, assim ele sempre teria que pedir ajuda a ela quando precisasse.
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imperfeitos: deuses de metal ; livro 1
Fiksi PenggemarEm meio a segredos dos mortos e magias desconhecidas, Park Jimin, um criador de autômatos do país de metal, chama a atenção de um casal no topo da hierarquia social e se envolve numa teia de manipulações na qual é difícil saber quem está errado e qu...