04 ¦ ego bom

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#DeusesDeMetal

Ferro, 13 de Topázio de 121 d

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Ferro, 13 de Topázio de 121 d.S.

A ponta da caneta-pena era arrastada pelo caderno nas mãos de Taehyung e a tinta preta deixava registrado mais uma das dezenas de desenhos que o rapaz havia feito naquele jardim desde que chegou há uma semana. As pétalas amarelas faziam curvas delicadas ao redor do grande botão e as folhas verde-vivo possuíam mais veias do que ele poderia contar, e por melhor que Taehyung fosse em seu traçado, não achava que fizesse jus à real beleza da flor. Entristecia-lhe saber que não poderia capturar com perfeição aquela natureza e que, quando voltasse a sua terra de neve, lhe restariam apenas as lembranças efêmeras de um sonho realizado.

Escutou pequenos passos se aproximando dele e viu com o canto do olho um coelho bege mexendo seu nariz enquanto saia do arbusto. Taehyung soltou a pena e pegou de sua cesta uma folha de couve-flor, oferecendo ao animal.

— Coma — falou, sentindo a masul formigar nas pontas de seus dedos. Os olhos do coelho momentaneamente brilharam em azul e ele chegou mais perto, pegando a folha com seus dentes e comendo calmo ao lado de Taehyung, que voltou a desenhar a flor.

Não demorou muito para outros animais virem, e quando ele se deu por conta estava alimentando três coelhos, um guaxinim e um porco espinho ao passo que um pardal tentava roubar sua pena branca.

— Você não pode usar isso para seu ninho. Vá procurar outra coisa.

Depois de passar os dias inteiros no jardim e apenas descer para jantar com Seulgi e Yoongi e depois dormir, Taehyung já havia encontrado quase todos os pequenos animais que moravam naquela floresta de 4km2. Algumas espécies ele já conhecia, como os coelhos e as carpas no lago artificial, mas outros havia visto apenas em livros. E apesar dos beija-flores e tatus serem esplêndidos, havia um grupo que realmente roubou um lugar especial do seu coração: os insetos.

Pequenos e frágeis demais para o clima frio do seu país, insetos eram a fonte de maior euforia de Taehyung naquele lugar. Gafanhotos, borboletas, formigas, joaninhas, abelhas... Havia desenhado todos e continuavam surgindo novos e mais impressionantes aos montes. Faziam-no querer passar a eternidade ali, deitado na grama, comendo frutinhas e desenhando em pilhas de cadernos.

— Senhor Taehyung? — disse uma voz ao longe. — Onde você está?

Mas ele não podia.

Taehyung deixou a pena entre as páginas e fechou o caderno, depois tampou o tinteiro e guardou os dois na cesta. Quando levantou, alguns animais fugiram com o movimento e outros ficaram o olhando.

— Eu volto depois. Tentem não deixar as raposas pegarem vocês. — Não que os animais pudessem entendê-lo.

— Senhor Taehyung!

O rapaz suspirou.

— Já estou indo!

Saiu da pequena clareira e desviou das macieiras em flor ao ir para a trilha. Seus olhos atentos viram uma larva de vagalume subindo o tronco e uma fileira de formigas entrando em um buraco com comida nas presas. O pardal que antes tentou roubar sua pena passou voando sobre sua cabeça e desapareceu entre os galhos.

imperfeitos: deuses de metal ; livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora