Em meio a segredos dos mortos e magias desconhecidas, Park Jimin, um criador de autômatos do país de metal, chama a atenção de um casal no topo da hierarquia social e se envolve numa teia de manipulações na qual é difícil saber quem está errado e qu...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Prata, 31 de Turquesa de 121 d.S.
Taehyung arrastava os sapatos polidos pelo saguão quase vazio enquanto a música da pequena orquestra encantava o ar. Seu terno era da cor do cabelo e a máscara preta de penas combinava com os detalhes de folha de acanto desenhados também em preto pelo tecido vermelho. Segurava uma fina taça de espumante e girava pelo chão de metal. Havia um grande lustre no centro e ao redor, penduradas por longos tecidos bege no teto, dançarinas equilibradas mexiam seus corpos em vestidos soltos de seda como se estivessem voando. O rapaz às vezes parava e olhava bobamente para cima, encarando momentaneamente os olhos misteriosos de uma delas por trás das máscaras brilhantes. Estava alterado pela bebida e ainda eram seis da noite.
No entanto, ele não se importava. Havia falhado em sua missão, seu país estava à beira de um colapso, ele era uma decepção de semideus, visto pelo povo de Sarang como uma criatura exótica e sua única amiga e confidente ali havia dito que não tinha tempo para ele há dois dias.
— Então, quem se importa se eu beber um pouquinho, não? — ele falou para o busto de mármore de um homem qualquer que servia de decoração e virou a taça, terminando o champanhe. — Muito bom conversar com você, mas vou pegar mais bebida.
Atravessou o saguão mexendo o corpo no ritmo da música, vendo a entrada receber mais convidados a cada minuto que passava. No geral, as mulheres usavam vestidos bufantes e coloridos com enfeites de metal e os homens estavam de ternos monocromáticos com jóias brilhantes. Todos de máscaras, porque quando o relógio chegasse a meia-noite, elas eram retiradas e, em Sarang, isso simbolizava um novo ano de mais honestidade e descobrimento.
— Servente — Taehyung chamou um homem que passava com uma bandeja de taças. — Não tem algo mais forte que champanhe por aqui? As bebidas de Sarang não chegam aos pés das bebidas de Bugjjog.
— Verei o que posso encontrar, senhor. Por favor, espere aqui.
Enquanto o garçom se afastava, Taehyung observou mais um casal ir para debaixo do lustre e sorrir um para o outro ao dançar ao som da orquestra. A verdade caiu sobre os ombros de Taehyung novamente: ele havia declinado e provavelmente traumatizado todas as filhas oferecidas para serem sua futura esposa.
Não sabia o que havia acontecido. Saiu tão determinado de sua terra natal, mas quando chegou o momento de realmente escolher uma delas para sofrer o resto da vida, ele não pôde. Era fraco, exatamente como sua mãe sempre lhe dizia. Por isso ele achava que nunca seria um grande Lorde nem um grande semideus e nunca levaria mais honra ao sangue de sua família.
No dia anterior, havia recebido outra carta dos pais que contava mais sobre a situação de Lobos. Casar-se e alimentar sua cidade durante algumas semanas com o dote da noiva seria a escolha mais rápida para amenizar a fome, mas esperar a passagem do tempo também era uma opção. A opção de um covarde. Quase dois meses depois de Taehyung chegar a Sarang, sinais do verão já podiam ser vistos em Bugjjog. Durava pouco, mas era a salvação de todos. Logo, a quantidade de mamíferos aumentaria e a temporada de caça poderia começar. No sul do país, a plantação poderia crescer e ser exportada para as outras cidades. A rebelião sumiria aos poucos e menos pessoas morreriam. Taehyung poderia voltar para seu castelo, ainda solteiro, e continuar como filho do Lorde. Ou melhor, continuar sendo ridicularizado sobre como nunca conseguiria ser como ele.