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#DeusesDeMetal

Estanho, 29 de Água Marinha

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Estanho, 29 de Água Marinha

Naquela manhã, véspera da segunda arena do ano 122, um mensageiro acordou Jimin com uma chamada de Hwasa para comparecer à cadeia o mais rápido que pudesse, junto de uma permissão assinada. O tom de urgência da mensagem e a falta de informações o haviam deixado nervoso, mas ele podia supor que era um assunto sobre a arena e sobre Jungkook. Ainda assim, o nervosismo não passou quando ele entrou no carro e seu motorista, que apareceu na hora marcada de todos os dias, o levou não para o prédio onde os engenheiros-chefe trabalhavam, mas para a antiga cadeia, abaixo da ponte. As máquinas de redemoinho foram completamente consertadas e os prisioneiros retornaram na semana anterior. Jimin ainda não tinha ido lá e estava há dias sem ver Jungkook. Não conseguiu comer seu desjejum, pois a euforia e o medo preenchiam seu estômago.

— Senhor, eu venho lhe buscar na hora de sempre ou...? — o motorista perguntou.

— Pode ficar esperando? Não sei quanto tempo vou levar.

— Sim, senhor.

Quando desceu do carro, Jimin era Prata. Havia ficado simples manter a boa postura, o andar calmo e a expressão séria, como um ator quando sobe no palco e as cortinas se abrem. Olhando de perto não havia muitas diferenças entre Jimin e Prata além da máscara e das roupas cinzas e brancas, mas, por dentro, ele sentia uma grande mudança. Prata era um engenheiro, tinha dinheiro e contatos, podia aparecer onde quisesse e, ao falar, era ouvido. Ele era aquele em quem Jungkook confiava.

Na delegacia, Prata mostrou aos policiais a permissão assinada por Hwasa para que ele pudesse entrar. Foi guiado até um elevador e acompanhado na descida. Dentro da caixa de metal, Yerim falou com ele pela primeira vez desde que acordou.

"Por pouco não acabei na cadeia com Namjoon quando chegamos em Sarang. Foi sufoco."

Ela quase nunca falava de Namjoon por vontade própria, era uma surpresa.

"Nós escapamos de alguns contrabandistas de imigrantes quando tentaram nos fazer trabalhar forçado em uma fábrica, depois moramos na rua por alguns dias, mas uma senhora que era médica decidiu tomar conta de nós porque estava interessada na planta azul. Como ela soube da planta azul, você pergunta? Namjoon viu ela tossindo muito feio na rua e a deu uma folha para mastigar. Nós estávamos sempre com um vaso, era dele que nos alimentávamos."

Jimin conhecia aquela história, mas sabia que Yerim não estava contando para que ele soubesse, e sim para revisitar a memória. O elevador chegou em seu destino e o policial guiou Jimin, ainda calado, até a sala de Hwasa. Os corredores eram claustrofóbicos, não havia janelas, apenas fortes luzes amarelas no teto.

"Admito que eu não lembro o nome dela, só a chamávamos de senhora. Ela tinha uma doença nas mãos que deixava os dedos dela inchados e curvados, não conseguia fazer mais nada e por isso foi demitida do hospital. Ainda assim, ela cuidava das pessoas na vizinhança e recebia comida em troca. Namjoon descobriu o amor dele por medicina com ela e os dois entenderam como fazer remédios com minhas plantas."

imperfeitos: deuses de metal ; livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora