06 ¦ mancha vermelha

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#DeusesDeMetal

Prata, 26 de Topázio de 121 d

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Prata, 26 de Topázio de 121 d.S.

Da janela do carro, Yerim percebeu as ilusões que o espaço provocava ao seu redor. Os prédios pareciam em movimento, ficando cada vez mais bonitos à medida que se aproximavam de Jungsim, como gigantescas máquinas produzindo desigualdade. Jimin, sentado ao lado dela, estava parado, mas as pessoas da rua o viam como alguém deixando-as para trás. Tudo dependia da perspectiva e de um ponto referencial. Era física básica, Yerim havia aprendido com Jimin; mesmo que nunca confessasse realmente escutá-lo quando ele estava tagarelando sobre ciência.

No entanto, a perspectiva na física não era o único tipo que existia. Aquela ligada aos valores morais, ao que se considera bem e mal, certo e errado, desigual e justo, era o tipo de perspectiva que a assombrava o tempo todo. Os deuses banidos deram aos humanos tanta sabedoria, tanta complexidade e aptidão para tornar o impossível em possível, e mesmo assim, o que faziam? Separavam o mundo em quem merecia e quem não, em quem era melhor humano e pior, em quem subia nas torres e quem caia da ponte. Não porque precisavam, mas porque queriam, a ponto de banir seus próprios criadores para não serem mais submissos.

E da mesma forma que os ponteiros do relógio não se importavam ao roubar o tempo de tudo, os ricos não se importavam ao roubar a vida dos pobres. Eles conheciam apenas o poder como linguagem, então Yerim os forçaria a entender outra: a derrota. Ainda que caísse junto com eles. .

— O que a coitada da janela fez a você para olhá-la com tanta raiva? — Jimin disse, trazendo Yerim de volta ao presente.

A garota olhou para seu amigo, vestido elegantemente com um terno azul escuro de casaco longo e camisa branca, junto com seus óculos redondos e cartola igualmente azul. Ele tinha a mariposa de metal nas mãos, a qual ficava mexendo nas asas para aliviar a tensão.

— Às vezes eu nem tenho resposta para as coisas que você diz, Jimin.

Ele sorriu.

— Obrigado, é um dom.

Yerim respirou fundo e se recostou no assento, olhando para a divisória com pequena janela que os separava do motorista e depois olhou para o teto do carro.

— Esse carro coberto é bem agradável — ela admitiu, apesar de saber a quem o transporte pertencia. Conversar com Jimin era sua maneira de aliviar a tensão.

— Sim! Pedi ao senhor Min esse favor especificamente para hoje.

A garota moveu apenas os olhos castanhos na direção dele.

— Vocês estão próximos o suficiente para pedir favores?

— Próximos... — Jimin de repente mostrou um sorriso bobo. — Seria um sonho realizado ser próximo de um ministro da Tríade.

imperfeitos: deuses de metal ; livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora