Em meio a segredos dos mortos e magias desconhecidas, Park Jimin, um criador de autômatos do país de metal, chama a atenção de um casal no topo da hierarquia social e se envolve numa teia de manipulações na qual é difícil saber quem está errado e qu...
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Cobre, 24 de Água Marinha
Fazia um mês que Taehyung estava acordando com o cheiro dos chás feitos por Namjoon. Às vezes eram chá de folhas, como camomila e hortelã, outras vezes eram de flores, tipo hibisco e lavanda, mas os favoritos de Taehyung eram os de casca de fruta, especialmente maçã e laranja. Todos os dias, ele levantava e ia até a cozinha do apartamento, ainda de roupão, para ver Namjoon esperando o chá ficar pronto na mesa próxima a porta da varanda. Dali, dava para ver os dirigíveis entre os prédios, e Taehyung ficava um momento observando Namjoon vê-los passar, no silêncio de uma manhã perfeita.
Namjoon apertou os próprios braços com frio, o que fez Taehyung finalmente falar, anunciando sua presença:
— Eu disse para você ligar o aquecedor assim que chegasse. — Andou até o equipamento e jogou um fósforo aceso no carvão, sendo seguido pelos olhos de Namjoon. — Sou acostumado ao frio, então não percebo quando está gelado demais para você.
— Bom dia, Taehyung.
Voltou-se para Namjoon, que estava sorrindo para ele, e não conseguiu deixar de sorrir também.
— Bom dia. Tudo certo com a Seulgi hoje também?
— Sim, feto e mãe estão saudáveis.
Taehyung sentou-se na cadeira ao lado de Namjoon, já acostumado à proximidade que eles haviam adquirido ainda mais após os dias intermináveis no hospício. Namjoon continuou falando enquanto servia chá de limão para os dois:
— Falta um trimestre para o parto agora, apesar de não deixar de ser uma gravidez de risco. Mas por que sempre me pergunta sobre eles? Achei que você...
— Odiasse Seulgi? — Taehyung inspirou profundamente o aroma do limão, azedo, mas agradável. — É complicado. Eu quero distância dela, mas não a desejo mal. Mais pelo passado que temos juntos do que por qualquer sentimento que eu tenha por ela agora.
— Pelo menos, ela deixou que você ficasse nesse apartamento ao invés da torre do Ministro. Vocês estão distantes agora.
— Está sendo ingênuo, Namjoon. Você mesmo disse: ela deixou. Aliás, é ela quem paga. As garras da Seulgi são longas, ela pode me alcançar de qualquer lugar. A única forma de eu, de nós dois, ficarmos livres da Seulgi, é deixando de ser úteis para ela. Até lá, somos apenas marionetes. Você precisa aceitar isso.
Namjoon olhou para sua xícara em silêncio, então pegou uma rodela de limão já cortada em cima do prato, a dividiu em dois com uma faca e colocou um pedaço na borda da sua xícara e outro na xícara de Taehyung.
— Estava faltando um toque de charme.
Taehyung mordeu o lábio inferior, mas isso não impediu que os cantos da sua boca subissem.
