O que somos?

549 49 20
                                    

Assenti com a cabeça e escondi meu rosto nela. Ela levantou meu rosto com os dedos no meu queixo, roçou seu nariz no meu e me beijou com carinho. Eu mantinha minha mão repousada em sua barriga enquanto nos beijávamos. Sua língua era quente, explorava cada canto da minha boca aproveitando cada cantinho e me segurava para que eu não desistisse no meio do caminho. Eu mordi seu lábio inferior deslizando meus dentes e o puxando pra mim, e ela abria os olhos devagar para ver a cena e sorrir.

"Você deveria ter me dito antes..."

"Por que?" respondi olhando em seus olhos.

"Por que eu teria feito isso antes" rimos e ela me puxou mais pra cima, me beijando novamente, agora com ainda mais vontade.

"Provou meu cookie?" essa pergunta é bem fora de hora, bem constrangedora e eu só espero que ela não me responda 'cookie é bom'. Na próxima eu juro que faço brownie. É mais inocente.

"Provei, mas pega outro pra mim, pra eu ter certeza de que está realmente bom?" Me levantei e fiz o que ela me pediu, dando em sua boca. Ela fechou seus olhos, fazendo aquela cara característica de Ana Maria Braga passando embaixo da mesa e eu fiquei olhando-a apreensiva, esperando que ela chamasse os cachorros. Não sou o tipo de pessoa que vai pra cozinha sempre, muito menos pra fazer cookies, mas eu não queria chegar de mãos abanando, na casa dela. Já que ela relativamente estava dando a casa, a comida e a cama.

"Só acho que tem um jeito de ficar ainda melhor..."

"Qual?" Perguntei preocupada. Vai que ela diz 'A aveia da Polinésia Francesa colhida pelos nativos da parte ribeirinha faria toda a diferença nesse cookie, levando em conta de que esse creme de avelã com chocolate proveniente da fábrica da Nutella não é caseiro e se perde a credibilidade e como foi feito há algumas horas e não foi conservado em lugar adequado, o creme não derreteu na temperatura certa deixando o cookie com gosto de biscoito da Bauducco'.

Mas ela me olhou e me beijou novamente.

Ficamos fazendo carinho uma na outra e tava tão bom alí. Por que eu não provei isso antes? Como já estava ficando meio tarde, Hai sugeriu que colocássemos o pijama pra que se caso dormíssemos, já estaríamos mais a vontade. Aí é que eu fui me dar conta de que estava com uma calcinha horrorosa. E minha abuela sempre diz "mi hija, nunca saia de casa com uma calcinha velha ou descosturada porque vai que você sofre um acidente, os enfermeiros tem que cortar sua roupa e vêem que você tá com uma calcinha toda surrada e com duas meias furadas no pé...". Não que a minha calcinha estivesse velha, mas é que na frente tá escrito "My little secret" e atrás tem o desenho de uma fechadura. PELO AMOR DE DEUS, QUEM COMPROU ISSO PRA MIM? Minha sorte é que eu havia trazido outras... Não que eu fosse fazer algo. Eu não iria e nem fiz.

Voltamos para o sofá e ficamos na mesma posição anterior. Mal vi o filme. Acabei prestando atenção no som que seus dedos faziam nos meus cabelos... E dormi.

"Mila? Acorda, linda..." Ela deu várias suaves batidinhas nas minhas costas e eu esfreguei meu rosto na barriga dela.

"Que horas são?"

"O filme acabou agora, vem pra cama?"

"Não... Fica aqui..." eu disse manhosa, pressionando-a para que ela ficasse grudada em mim.

"Não faz assim..." ela disse resmungando como se doesse nela sair dali.

Ela acabou me puxando e me levando até seu quarto. Me deitou em sua cama com cuidado e quando se levantou para sair dali, a puxei, fazendo-a cair em cima de mim.

"Mila!"

"Aonde você vai?" Resmunguei.

"Vou pegar os edredons que deixamos... Já volto, manhosa" ela acariciou meu rosto, sorrindo e saiu dali, voltando rapidamente com tantas coisas na mão que mal se podia ver vestígios dela.

SerendipityOnde histórias criam vida. Descubra agora