Tempo é uma coisa bem relativa, né? A gente pode estar ocupada com milhões de coisas diferentes: provas, trabalhos, festa da irmã pequena, ter que ir na Rebimboca da Parafuseta de ônibus, ver os últimos capítulos da série que a gente não vê há um tempão e ainda assim não tirar aquela pessoa da cabeça. Só não tem tempo para pensar quem não quer. E pra ser bem sincera, eu estava ansiosa para pegar logo a fantasia com a Lauren. Não pela fantasia, mas sim por ela, claro, ou vocês acham que eu iria bater ponto na padaria todo dia como se eu fosse Felipe Dylon e ela a minha musa do verão? É uma ótima ideia, mas mesmo assim não vou fazer. Obrigada.
Imagina conhecer a casa da psicóloga crush... Será que ela vai me deixar na sala esperando ou ela vai me levar para o quarto? Saber como é a cama que ela fica deitada enquanto fala comigo e que no mundo paralelo nós fazemos amor justamente ali. Coincidências... Ou a vista da janela que ela tem e vê o céu e a lua.
O dia de hoje será cheio. Preciso comprar o presente da Sofi, ver se a Lauren está em casa pra pegar a fantasia, se não der certo tenho que rodar a cidade em busca de outra fantasia para vestir e chegar em casa rápido pra ajudar a minha mãe a fazer os docinhos e a torta. Apesar da correria, vale muito a pena porque festa de aniversário de criança é tudo de bom. Por que vocês acham que a maioria das pessoas acham que fazer aniversário não tem mais graça depois de uma certa idade? Oras, quando você é criança, quase toda festa tem bolo de chocolate, salgadinho (e aí podemos incluir as delícias como coxinha, salsicha, risoles, pastel, bolinha de queijo, mini pizza, kibe...), tem docinho, que os convidados mal chegam na festa e a mãe do aniversariante diz pra criança "Docinho só depois do parabéns, tá, querido?", e ainda sai de lá ganhando um saquinho cheio de bala, apito, olho de sogra e anelzinho que só cabe no dedo mindinho e você tem que deixar o dedo em água corrente e rezar pra que o anel saia. Quando não rola uma festinha dessas, a mãe da criança, leva a garotada pra um restaurante, ou um MC Donald's da vida, que ainda assim é muito bom, e ainda paga pra todo mundo. A vantagem é enorme!
Aí você cresce e o que acontece? O pessoal enche o saco pra ir em bar (e no máximo você compra um bolinho ou liga antes pra saber se aniversariante da semana ganha algum mimo) e no máximo você chama a galera pra ir num rodízio de pizza e repete trocentas vezes que cada um paga o seu, porque se a gente resolve pagar para aquela galera esfomeada que não bebe mais refrigerante, o salário acaba em um estalo de dedos e nada de Luan Santana pra dizer que é só fazer assim que ele volta porque não volta. Não tá fácil ser amiga de aniversariante. E empregada.
Enfim, cheguei da faculdade, preparei meu almoço, comi direitinho e logo saí pra resolver minha vida. Primeiro fui ao shopping procurar um Olaf de pelúcia pra Sofia. Até vi um cara vendendo no sinal e ele tava tão deformado que eu torci pra que os da loja fossem um pouquinho mais fofinhos, mesmo tendo que pagar um pouco mais. Lembro que na época dos Telettubbies eu ganhei uma Pô bem macabra. O Chucky não é nada do lado de uma Pô macabra com patinete. Como é que eu iria conseguir dormir sabendo que a qualquer hora da noite aquela TV que eles têm no meio da barriga poderia ligar e aparecer uma criança falando sobre creminho gostoso. Isso fora aquelas antenas loucas que eles tem na cabeça. Depois a galera aqui de casa reclama que o sinal da TV tá pegando muito mal e ninguém sabe porque.
Mas não tem porque nos preocuparmos com isso. O Olaf que eu comprei não está possuído pelo ritmo Ragatanga, o que também é uma pena.
Mandei uma mensagem para a Lauren para saber se ela está em casa e só para lembrá-la de que eu ainda existo e que eu necessito e quero a fantasia dela. Só não penso em safadagem porque é a Sininho... Falando nisso, ela não tem cara de quem se veste de Sininho nos bailes a fantasia da vida. Mas ela tem o jeito dela... isso tem bastante. Ela é doce como a Sininho, tem uma luz própria, um brilho no olhar... Ai ai... ENTÃO... vamos mandar a mensagem.
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Serendipity
Novela Juvenil"A lei é a razão livre da paixão", já diria Aristóteles. Não faço ideia do que isso interfere na minha vida, mas vi em Legalmente Loira e achei melhor guardar pra se caso um dia eu venha a precisar. Fiquei pensando muito tempo em um resumo da minha...