E se eu contar?

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Eu estava pegando mais um pão de queijo quando o sol começou a bater justamente em cima da toalha onde estávamos, iluminando o espaço que estava um pouco escuro até então. Hailee abriu um sorriso lindo, verificando novamente a hora e se certificando que era justamente como ela havia previsto. Ela me olhou nos olhos, pegou na minha mão e a acariciou.

"Tá vendo? Exatamente a essa hora, todos os dias, o Sol aparece entre essas árvores e deixa uma sombra linda aqui, justamente onde estamos e deixa tudo iluminado" eu olhava pra cima daquela árvore imensa que deixava entrar a luz em nossa direção. Era lindo! Tudo que parecia tão fechado, obscuro, havia se iluminado, exatamente no lugar que estávamos. Tá, mas por que ela me trouxe pra ver o sol brilhar? Pelo visto o Luan Santana não conseguiu dar o sol e o mar pra ganhar o coração da menina. Não adianta ser meteoro da paixão nesses tempos.

"Isso é lindo!" Eu disse sorrindo...

"Eu nunca havia trazido mais ninguém. Meu avô morreu há 3 anos e eu continuo vindo aqui de vez em quando. E eu te trouxe aqui por um motivo especial" eu mordia meu lábio nervosamente, segurando a mão dela que com o polegar acariciava a minha. "Você tem sido muito especial pra mim, desde que apareceu na minha vida. E eu tava querendo te beijar, só não sabia como e... Não sabia se você gostaria também. Seria fácil com qualquer outra, mas com você era diferente. É delicada demais, especial demais. Eu tinha medo de que você não quisesse estragar nossa amizade pra tentar algo comigo. Eu também tive um pouco de receio até que você ter chegado um dia atrasada e eu sentir falta do teu beijo, do teu sorriso, da tua cara de sono e a voz rouca me despertou para algo que estava acontecendo e eu não tinha me dado conta. Já se passou um mês e cada vez nos encontramos mais, cada vez parece ser tudo mais urgente, mais cheio de vontade... E Mila, tá difícil esconder meu ciúme de você quando te vejo com qualquer outra pessoa que não seja a Dinah. Então eu te trouxe até aqui, só eu e você porque eu... quero que você seja a minha namorada. Você aceita?"

Ela me olhava nos olhos o tempo todo. Era tudo tão genuíno e verdadeiro. Apertava minhas mãos sem perceber e no fundo do meu ser eu conseguia escutar o Bryan Adams cantando Have You Ever Really Love a Woman, música que tava na fita que meu pai botava enquanto viajávamos para o interior de carro. Eu sorria, não conseguia parar de sorrir. Parecia que tinham colocado o mesmo botox que botaram na Donatella Versace em mim. E ela estava ali esperando a minha resposta, que poderia ser facilmente encontrada no meio do meu sorriso.

"Eu aceito!" Ela sorriu quase pulando em cima de mim, fazendo-me cair e deitar sobre a toalha. Ela acariciou meu rosto e me beijou carinhosamente. Caraca, meu primeiro beijo com namorada na vida. É igual, mas a sensação era diferente. Ela daquele jeito, em cima de mim, acendia meu corpo inteiro, era gostoso e instigante. Eu sentia a adrenalina e a dopamina se espalhar por todo o meu corpo. Eu a pressionei mais a mim e a beijei com mais vontade, tocando-lhe o canto de sua boca com a minha língua fazendo um vai e vem. Suas mãos tentavam caminhar pelos meus cabelos, minha nuca, meus ombros. Enrosquei meus dedos em seu cabelo e o puxei para trás com cuidado, roçando meus lábios nos seus e logo sussurrei:

"Vai devagar, namorada..." Eu sorri após dizer a última palavra e ela sorriu junto, dando-me vários beijos na boca.

Ela passou algum tempo recostada em meu peito enquanto brincava com a ponta dos dedos na minha barriga falando bobagem e contando histórias do passado travesso dela naquele mesmo lugar. Já se passava das 15h quando começamos a recolher as coisas para ir embora. Assim que terminamos ela abriu a porta do carro pra mim e me segurou pela cintura.

"Mila, eu só sou muito ciumenta. Eu tento me controlar, mas preciso da sua ajuda, tudo bem?" Ai gente, adoro um ciuminho. Pode ter ciúme, ficar manhosa, me morder, mas por favor não faz barraco que tu não és a Tati e não me faz passar vergonha

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