Capítulo 42

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Maya

Eu fiquei tensa depois de assumi isso para mim mesma. Meu coração sabe o tanto que eu tentei negar esse sentimento. Não é correspondido e isso me machuca, me destruir por dentro.

"O que foi? Ficou estranha de repente." - ele me colocou no seu colo me olhando.

"Nada, só estou aliviada por está com você." - falei e ele sorriu. "Como você está?"

"Bem."

"Mesmo? Pode conversar comigo."

"Me sinto mal nesse dia, todas as lembranças voltam à tona, as lembranças e minha fúria."

"Por que fúria?" - falei tocando seu rosto.

"Minha mãe morreu de forma trágica."

"Tudo bem se não quiser falar." - falei imaginando o quanto aquilo poderia magoá-lo.

"Tudo bem em falar." - ele me olhou e prosseguir segundos depois "Minha mãe traiu meu pai com um funcionário da nossa empresa. Nunca passou na minha cabeça que minha mãe faria isso, eu pensava que ela era feliz no casamento, ela demonstra isso. Mas no final descobri que não era, ela fingia para não destruir a família."

"Deve ser triste manter um casamento onde se é infeliz."

No momento imaginei meu pai, que perdoava todas as maldades da minha mãe.

"Eu apoiaria ela em qualquer situação." - declarou ele. "Meu pai descobriu a traição, e machista da forma que era, a matou."

Meu ouvido fez um zumbindo quando escutei a última frase. Desacreditada, olhei para Caleb.

"O que?" - coloquei a mão na boca. "Pensei que foi um acidente que tirou a vida dos dois."

"Também pensamos por um tempo, mas houve uma grande investigação. Meu pai a matou com um tiro no peito, depois se deitou ao lado dela na linha do trem e morreram, juntos." - finalizou fechando os olhos.

Não notei quando lágrimas começaram a deslizar sobre meu rosto, imaginando o sofrimento de Caleb quando descobriu o que o pai fez.
A morte da mãe tão trágica, morta pelo próprio marido de forma fria e cruel.
Meu coração doeu por inteiro e eu senti meu corpo treme e ficar febril.

"Eu sinto tanto." - abracei ele com força como se fosse sua fortaleza. "Tanto, tanto, tanto." - falei ainda sentindo lágrimas quentes deslizar pelo meu rosto.

"Eu aprendi a viver com essa informação. Segui em frente mesmo sentindo a dor andar comigo lado a lado, a tristeza, a falta dela." - suspirou ele. "Sinto muito a falta dela."

"Esse dia com certeza é doloroso para você. Essa dor infelizmente vai está com você para sempre, porque não apagamos nunca a memória aquelas pessoas que amamos e partiram." - ele me ouviu atentamente. "Mas estou aqui para compartilhar essa dor do você, você não está sozinho, e sempre que se senti assim lembre-se de mim."

"Maya." - ele me abraçou apertado, preenchendo todos os espaços vazios do meu coração. "De uma forma inexplicável você começou a preencher boa parte da minha tristeza. Eu não sei se é quando eu olho para você, ou quando a vejo sorrir. Ou talvez quando você dorme nos meus braços com um anjo, não sei em qual momento você se tornou meu porto seguro."

"Eu.." - passeio a mão no rosto limpando as lágrimas. "Eu estou sentimental." - falei e ele sorriu passando a mão no meu rosto. "Eu não vivia minha vida em felicidade." - falei. "Eu existia, não vivia e sempre carreguei dores que me machuca profundamente a ponto de me destrói por inteira. Não posso dizer que estou curada, mas garanto que você também mudou radicalmente meu estado. Se você ver meu sorriso ou se hoje eu durmo tranquila nos seus braços, tudo isso é graças a você."

PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora