Capítulo 63

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Maya

Acordei no outro dia escutando a porta do meu apartamento sendo fechada. Passei a mão na cama e não encontrei Caleb, depois passei os olhos pelo quarto encontrando seu moletom e celular jogados na minha escrivaninha, presumi que ele esqueceu.

Eu deveria aproveitar meu sábado e dormir mais uma horinha, mas infelizmente uma vez acordada impossível volta a dormir na mesma manhã.

Andei sonolenta até o banheiro e só me despertei por inteira quando joguei água no rosto. A campainha tocou quando coloquei minha escova no lugar e me irritei quando ela tocou pela quarta vez consecutiva sem pausa, odiava esse barulho. Certamente é Caleb procurando o celular.

Abri a porta depressa para cerrar aquele tormento e quase cair de costa quando olhei para aquele rosto conhecido na minha frente.

"Sa.. Samantha?" - minha voz saiu falha.

"Amigaaa." - ela gritou eufórica me abraçando tão forte que nos levou ao chão em seguida. "Você ainda é fraca." - ela me abraçou mais forte.

"E você continuar muito forte." - correspondi com a mesma intensidade.

"O reencontro veio." - disse ela com um sorriso no rosto.

"Eu deveria ter bater, sua..sua vaca. Você parou de responder meus e-mails a um tempão, você me esqueceu."

"Eu nunca te esqueci amiga." - choramingou. "Meu pai me colocou naquela merda de colégio interno na Rússia."

"Sim, é mesmo assim no começo você respondia meus e-mails." - reclamei magoada.

"Até eu perder meu email. Eu passei meses tentando recuperar ou me lembrar do seu email e nada. Tentei fugir treze vezes daquele inferno, mas aquilo ali era uma prisão."

"Foi tão ruim assim?" - a olhei.

"Foi péssimo Maya." - ela abaixou a cabeça. "Eu sentia muito sozinha e infeliz lá, ainda mais por está lá sem você, a gente nunca tinha se separado depois que nos conhecemos."

Isso era verdade. Conheci Samantha durante o primeiro casamento da minha mãe depois que meu pai morreu. O casamento durou poucos meses mas ali na Califórnia eu havia feito laços com alguém, com ela. A nossa amizade começou de forma inesperada, somos opostas uma da outra mas desde do primeiro momento a gente se deu bem. Samantha não fazia amizade com ninguém, ela dizia que amizade não existia já que ninguém é confiável cem por cento, mas ela confiou em mim. Eu por outra lado não tinha uma definição certa para amizade, já que eu nunca tive alguém para chama de amiga até ela parece. Nos duas demos oportunidade para a amizade e nos formamos, únicas e sempre juntas.

Samantha sempre foi um espírito livre, nunca se apegou a cara nenhum e levava a meta de curtir a vida ao máximo possível sem se importar com as consequências. Seu pai nunca concordou com isso e achava que ela seria a destruição do seu sobrenome, por isso a trancou no colégio interno na esperança que a filha mudasse seus pensamentos e se tornasse mais responsável.

"Me lembrei de você ontem." - falei me levantando do chão e oferecendo minha mão a ela.

"Só ontem?" - ela fez drama.

"Lembra daquele cara que eu fiquei na nossa última festa? Na sua despedida?" - perguntei.

"Claro." - ela deu um sorrisinho malicioso. "Aquele cara estava louco por você." - ela se sentou ao meu lado no sofá.

"Ele me reconheceu, mas eu juro que não me lembrava dele." - olhei para ela que deitou a cabeça no meu colo.

"Ele está aqui? Em Boston?" - perguntou atenta.

PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora