Capítulo 83

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Maya

"Apenas deite enquanto eu destruo sua cozinha." - falei quando ele colocou as sacolas encima da bancada.

"Não coloque fogo na casa." - alertou.

"Juro que irei tentar." - falei. "Se sua febre piora, me chama."

"Tá, enfermeira particular." - disse subindo as escadas.

Olhei sua cozinha por completo e mesmo pensando muito não sabia por onde começa; não sabia nem qual panela usa e naquele momento eu me arrependi por não ter pedido comida.
Mas tomei coragem e comecei a me lembrar de todas as palavras que minha avó dizia enquanto me ensinava o segredo da sua saborosa sopa, eu queria ter apenas um por cento do talento que ela tinha.

...

Depois de ter chorado com as cebolas, me desesperado quando começou a dá errado e sorrindo quando a sopa começou a parece uma sopa, eu me sentei na cadeira aliviada e feliz, avó estaria orgulhosa.

Subi para o quarto de Caleb e encontrei ele deitado como uma criança olhando para as estrelinhas que eu coloquei no seu teto semanas atrás.

"Não dormiu?" - perguntei e ele me olhou.

"Estava com medo de acorda e vê que você foi embora." - disse.

"Já disse que vou ficar até você melhora." - falei.

"Preparou a super sopa?" - perguntou se levantando.

"Sim, e só aceita um 'nossa, que delícia', ' você mandou muito bem', ' você é uma super chef.'" - falei e ele sorriu.

"Não está pedindo demais?" - ele passou o braço ao redor do meu ombro.

"Não, eu me sacrifiquei, ok?" - respondi e juntos saímos do seu quarto e descemos as escadas.

"Então eu vou falar que está ótima mesmo estando péssima." - disse ele rindo.

"Não seja tão falso também." - falei. "Sirva-se."

Com muita calma ele deu a primeira colherada e a todo momento eu olhei para ele.

"Me surpreendeu." - disse.

"Em qual sentido?"

"Está muito saborosa." - falou. "Ótima."

"Está sendo falso?" - perguntei me servindo.

"Claro que não, está mesmo boa. Aquele dia no supermercado você disse que não sabia fazer absolutamente nada então pensei que era verdade." - disse ele.

"Não deixa de ser verdade, os pratos que minha avó me ensinou está se apagando da minha memória."

"Anote tudo o que você se lembrar, no futuro você sentirá falta das comidas da sua avó e vai se entristecer por ter esquecido."

"Já sinto muito falta." - falei dando a primeira colherada. "O sabor está ótimo, realmente nada é impossível para mim."

"Que narcisista." - disse. "Espera." - disse se levantando e indo para sala voltando logo depois. "Seu remédio, beba." - colocou o comprimido na minha mão e depois um copo com água.

"Acho que já podemos parar como esse remédio." - falei depois de beber.

"Nada disso. Volte a comer." - ele meio que exigiu.

...

"O que está procurando no closet?" - perguntou Caleb do seu quarto.

"Uma camisa confortável para mim dormir." - respondi.

PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora