Capítulo 02

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um voto e a constelação toda é sua ✨ 


(Fevereiro de 2018)

A primeira vez que eu o vi, Bright estava do lado de dentro de uma loja de discos no centro de Bangkok. Sozinho e conectado a fones de ouvido, ele escutava música de olhos fechados e foi a visão mais linda que tive na vida. Parei embaixo da cobertura do local para evitar que a chuva recém chegada, molhasse a roupa social para aula de telejornalismo.

A intenção era parar ali para retirar o guarda-chuva da bolsa e seguir caminho, como sempre faço, percebendo só agora aliás, que havia uma loja de discos na rua da faculdade. Mas ao abrir a mochila a procura do item, tive a infelicidade de lembrar que não havia pego naquela manhã. Por causa do trabalho que fiquei fazendo até madrugada, perdi a hora e acordei super atrasado, não dando tempo para prolongar dentro de casa, tendo que sair as pressas.

- Mas que droga, Win. Droga, droga, droga.

Falei baixinho, fechando o zíper e erguendo meus olhos para ver a vitrine, na esperança tola de ser ali um local com diversos produtos. Mas quando meus olhos passearam pela loja, vi uma quantidade gigantesca de discos, CDs, aparelhos eletrônicos para som e uma única pessoa dentro dela, além da garota no caixa. Era Bright.

Ao ver aquele garoto vestindo jaqueta de couro preta reluzente por cima de uma camisa branca, com os cabelos jogados para trás, caindo na testa, chamou minha atenção. Parado do lado de fora, protegido da chuva, observei sua entrega a música que tocava e desejei poder ouvi-la também. Quis, por alguns segundos, saber o que ele ouvia para estar tão entregue aquele momento.

Era como se o mundo não existisse e nossa, eu daria tudo para viver aquela sensação. Mordi os lábios, pensando se deveria entrar e tentar escutar uma nota apenas, ou quem sabe perguntar a música, mas seria covardia atrapalha-lo. Pensei, afastando a ideia de conversar, era só descobrir a melodia e talvez uma estrofe? Concordei em fazer isso, mas antes de poder entrar senti a vibração no bolso da calça.

Olhei para o local, levando a mão e retirando o aparelho para ver uma mensagem do meu amigo Tay. Suspirei pesado, dando uma olhada para Bright, ainda em dúvida do que deveria fazer. Mas então veio outra mensagem e decidi responder Tay. Contei sobre a situação em que me encontrava e por algum milagre, ele estava a caminho da faculdade.

Não demorou muito e Tay me informou que passaria ali em cinco minutos e foi esse o tempo que tive para decidir se entrava ou não. A vontade parecia dominar meu corpo em adrenalina, enquanto minha mente processava quantos segundos eu teria para tomar a decisão, tentar ouvir a música e sair para encontrar Tay.

Dei um passo e empurrei a porta, mas os sinos anunciaram minha chegada e a moça do caixa se mexeu, distraindo-me de olhar Bright.

- Olá.

- O.. oi.

Gaguejei, dando um pigarro e a vi dar a volta no balcão e vir até mim. Nesse meio tempo, olhei para Bright, mas ele estava tão concentrado que não notou sequer que eu havia entrado.

- Como posso ajudar?

- Ham... na verdade... é... eu estudo na faculdade e não tinha percebido...

Falei apontando para os discos e a vi sorrir largamente.

- Normalmente as pessoas demoram para perceber. Você gosta de ouvir vinil?

A moça entrou no meu foco de visão, atrapalhando de olhar Bright e fazendo minhas bochechas esquentarem. Será que ela tinha percebido meu interesse quando apontei para o interior da loja e sem perceber parei o dedo em direção a ele? Droga, eu era um ridículo. Cocei a cabeça e envergonhado demais para continuar, balancei a cabeça rapidamente.

Céu Estrelado ✨ {Part II}Onde histórias criam vida. Descubra agora