Capítulo 05

114 12 21
                                    

um voto e a constelação toda é sua!

(dezembro de 2018)

Meu expediente já havia terminado e como era sexta-feira, sem plantão para o final de semana, aproveitei para ir até um bar em frente a emissora com a galera do trabalho. Estávamos bebendo e conversando sobre nossos chefes, quando fui avisado que meu celular estava tocando. Pedindo licença, fui até a parte externa e atendi a ligação. O contato não estava salvo, o que me deixou curioso.

- Alô?

- Win?

A voz doce do outro lado estava baixa, por isso me esforcei para escutar nitidamente o que dizia.

- Sim, quem é?

- Sou eu querido, Júlia.

Abri um sorriso imediatamente ao escutar o nome. Nosso encontro havia sido breve, mas o suficiente para ser marcante, afinal ela era mãe de Bright. Tudo bem que eu não tive coragem de pedir o número dele, mas havia deixado o meu e um pedido: não hesite em me ligar ou passar meu número ao seu filho se precisarem de algo.

- Júlia? Oh, que bom ouvir sua voz. Como está?

- Bem, querido. Está ocupado?

- Não, estou em um bar com os colegas, mas nada demais. O que aconteceu?

Perguntei e a escutei fechar alguma coisa, parecia uma porta.

- Estarei em Bangkok amanhã.

- Sério? Está vindo ver seu filho?

Droga, eu era um idiota. Eu era bem pra frente na hora de falar do filho dela, mas não tinha um pingo de coragem de pedir o telefone dele. Me repreendendo enquanto escutava um riso baixo.

- Não, quero dizer... Talvez eu conte a ele que estou aí, mas estou indo para mostrar alguns exames para um oncologista.

A palavra me fez sentir um arrepiou pela nuca e pelos do braço. Olhei ao redor e dei um pigarro, observando algumas pessoas conversando ao longe e sentindo um pouco de desconforto com aquela conversa estar acontecendo em um lugar como aquele. Ela deveria estar ouvindo a música, as conversas, tilintar de copos e me soou desrespeitoso.

Eu não sabia o que viria a seguir, mas sabia que oncologistas eram médicos responsáveis por cuidar de pacientes com câncer. Eu conhecia uma penca, minha casa vivia cheia deles, além é claro de ser herdeiro de um conglomerado de unidades hospitalares, o que automaticamente faz de mim no mínimo entendido. Mas eu não me interessava muito pelos negócios da família.

- Você está doente?

Perguntei com a voz baixa e a escutei suspirar.

- Espero que não seja grave, querido. Por isso estou indo para aí e te ligando.

- O que posso fazer por você, Júlia?

Perguntei objetivo, pois primeiro ela sabia quem era meu pai. Segundo, era um assunto sério e não havia motivos para ficar indiferente. Terceiro, se ela me ligou é por que sabia que poderia contar comigo para ajudá-la.

- Como não conheço muitas coisas aí, gostaria de saber se pode me acompanhar...

- Claro, com certeza.

Soube que ela estava sorrindo e se estivéssemos juntos me daria seu olhar maternal ao escutar que a cortei antes mesmo de escutar tudo.

- Você tem certeza que não irei te atrapalhar?

Céu Estrelado ✨ {Part II}Onde histórias criam vida. Descubra agora