SEREIAS POR TODO LUGAR

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    No dia seguinte eu acordei cedo depois de uma noite de sono mal dormida, e a primeira coisa que fiz foi pegar o celular pra ver se Simon havia mandado alguma mensagem. Não tinha nenhuma.

    Fiz o melhor que pude para não me sentir rejeitada e depois de um banho rápido demorei mais que o de costume para me vestir. Eu nunca reparei no que vestia quando estava com ele, mas considerando a situação e minha promessa de que eu retornaria no dia seguinte o melhor que poderia fazer era me arrumar, eu estava diferente e queria que ele soubesse disso. Minha variedade de roupas não era muito ampla mas o máximo que eu poderia fazer era trocar o velho tênis por uma sandália de dedo, a calça jeans por um vestido em seguida deixei o cabelo secar naturalmente e no rosto passei rímel e gloss.

    Vovó estava sentada à mesa quando passei.

    — Sabe... ninguém pode amarrar você para fazê-la ficar. — Assenti. — Mas todo cuidado é pouco. Estaremos aqui quando você voltar.

    Era bom saber que eu sempre teria eles para quando voltasse. Dei um beijo em sua testa garantindo que retornaria pelo menos no fim da tarde.

    — Encontrei alguém que pode nos ajudar com todo esse mistério das Sereias. — Foi a primeira coisa que Victório disse quando entrei em sua casa. Engoli seco

    Todas as vezes que eles tocavam nesse assunto, eu me sentia mais pressionada, como se meus poucos dias de vida estivessem chegando ao fim. Olhei para os lados mas não encontrei Simon.

    — Quem? — Foi a única palavra que meus lábios conseguiram dizer.

    — Olivia Savage, uma das habitantes mais velha desse lugar. — Eu ainda não há conhecia. — Simon já está no carro nos esperando. Vamos.

    Saímos da casa lado a lado enquanto Victório contava como sua noite havia sido perturbada pois sonhou várias vezes estar sentado no colo de uma linda sereia com cauda de peixe e cabelos longos, que depois de muitas carícias mostrou seus dentes afiados prontos para matar a presa com facilidade. Tamanha foi a minha surpresa quando abri a porta do carro e dei de cara com Kiara no banco de trás. Sentei ao lado dela e olhei para Simon que manteve seu olhar no lago á frente demonstrando não se importar com minha presença.

    O sol que há poucos minutos antes brilhava no céu, estava sendo coberto por nuvens que traziam uma forte tempestade.

    — Essa teoria de vocês é maluca. — Kiara disse assim que encostamos o carro na porta de um pequeno barraco de madeira. — Eu que não quero fazer parte disso.

    Estava prestes a deixá-la no carro, quando ela soltou o cinto preparando-se para sair.

    Caminhei em direção a pequena porta, quando parei para observar os sinais. Um desenho feito de algo que parecia ter queimado aquela madeira até que ela formasse a pequena imagem que estava cravada ali, uma Sereia.

    Um cheiro forte de sal e alga adentraram minhas narinas quase me fazendo vomitar, precisei segurar a respiração antes de acabar colocando o café da manhã para fora.

    — Que cheiro horrível. — Olhei para Kiara que estava mais branca do que o costume com o forte odor.

    A porta foi aberta rapidamente me assustando, uma senhora menor que eu com longos fios de cabelo brancos e rugas ao redor dos olhos sorria para nós. Sorri de volta em sinal de educação.

    — Entre meus queridos, eu estava esperando por vocês.

    Olhei para Simon e Victório que estavam com cara de espanto e em seguida pedi licença entrando na casa. O interior do imóvel possuía um cheiro mais forte de sal, mas não era um sal comum, era cheiro de água do mar.

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