24- Covinhas

183 22 24
                                    

Julie Baker

-Eu não queria ir com você - Falo, batendo a porta do carro de Liam.

- Não foi o que pareceu quando eu vi sua cara de alívio quando disse que te levaria pra casa - Liam fala dando a partida no carro.

- Eu não vou pra casa - aviso e ele se vira pra mim com as sobrancelhas erguidas.

- Vai pra onde? Correr com os cachorros pela rua!? - ele debocha.

Um tiro esse vagabundo não tem medo de levar,  né?!

Olho pro painel do carro, com vontade de bater com a cabeça dele contra o vidro.

- Não que seja dá sua conta, mas eu estava indo tomar milk-shake - digo, olhando pro meu próprio reflexo no espelho.

Ele assente, apenas.

E o carro começa a se movimentar - saindo do estacionamento da loja de instrumentos.

Olho para as mãos de Liam contra o volante. As veias de suas mãos são saltadas, dando destaque em sua pele clara. E seus dedos carregam vários anéis - Como sempre.

Vejo ele virando em uma rua desconhecida.

- Pra onde a gente tá indo? - pergunto.

Ele ri quando vê meus olhos arregalados.

- Tô levando você pra comprar um milk-shake.

- Não precisa - sorrio forçada

Sim, precisa. Porque eu estou falida depois de ter gastado a caralha de 10.000 dólares com um vestido que eu vou usar pra sair com você. Então pagar a desgraça de um milk-shake de cinco dólares pra mim é o mínimo que você poderia fazer.

- Senhorita - ele me olha de relance enquanto fala - da última vez que você comprou um milk-shake, eu fiz a deselegância de derramar ele na sua cabeça inteira. Então acho que precisa sim.

Demorou pra caralho pra tirar aquele caramelo todo do meu cabelo.

- Verdade - lembro, tentando controlar a raiva daquele dia ainda.

Ele faz um barulho com a garganta e fala baixo:

- Apesar de que a culpa não foi minha né!? - ouço ele sussurrar.

Já sinto o ódio subindo por minhas costas e se infiltrando no meu sangue - que ferve.

- Você vai mesmo querer discutir sobre de quem foi a culpa? - pergunto.

- Não, é claro que não. - ele fala. Depois de um silêncio dramático ele continua: - Mas você tava na frente né?!

Me viro no assento pra encarar a cara de pau dele.

Será que esse garoto não tem amor a própria vida não?!

- Ata. Então toda vez que alguém estiver na sua frente, você vai tentar atropelar ela com seu skate?!

- Ei, o Robson não atropelou ninguém. - ele exclama ofendido- Você que escorregou nele!

A única vez que eu escorreguei foi lá no Brasil. E eu cai de boca em um gostosão.

- Então agora a culpa é minha!? - pergunto indignada.

Já estou me preparando pra voar no pescoço dele.

Não tem como ficar do lado de uma pessoa que dá nome pro próprio skate.

- Não. Mas também não é minha! - ele exclama balançando a cabeça enquanto dirige.

Fazendo História Onde histórias criam vida. Descubra agora