91- Estrelinha...

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...Quero saber de ninguém me cobrando dinheiro pra terapia não, sou pobre fudida igual a Julie que deve o tiozinho do picolé.

Julie Baker

O sol refletia em meus olhos e eu tive que colocar a mão na frente do rosto no caminho da casa de Liam.

Corri pela rua - ignorando meu sedentarismo e parei ofegante em frente ao portão de ferro da casa de Liam.

- Beleza, agora como eu entro nessa buceta!? - me questionei, tentando puxar o portão pro lado, mas ele nem se mexeu.

Talvez eu esteja sendo a pessoa mais idiota do mundo por estar indo atrás do cara de me jogou no chão e me disse mais um milhão de coisas que me fizeram querer sumir, mas algo no fundo desse meu coração incrivelmente duro me diz que há algo muito errado nisso tudo.

E eu preciso vê-lo uma última vez antes dele ir embora e me deixar...

E então percebi que a porta menor do portão estava apenas encostada - como se alguém tivesse saído e deixado ela desleixadamente aberta; sorte à minha.

Entro no quintal da casa de Liam e vejo que seu carro está na garagem. Meu estômago se revira com a ideia de vê-lo novamente depois de ontem, mas sigo até a porta de entrada com o cu na mão.

Tento abrir mas a porta está trancada - muito bem trancada.

Que ódio.

Forço a massaneta e a porta se quer treme. Então chuto a mesma

- LIAM!! - grito - ABRE ESSA MERDA.

Ele não responde, mas ele só pode estar aqui, porque o carro dele está aqui , e nossa rua não é tão perto do centro. Talvez ele esteja me ignorando - de novo.

Puxo a massaneta com força pra cima e pra baixo e bufo irritada quando ela não abre.

Levo os dois punhos à porta de madeira e começo a bater violentamente na porta com raiva.

- VOCÊ DISSE QUE EU SERIA MUITO BEM VINDA PRA SE DESPEDIR, ENTÃO VÊ SE ABRE ESSA DROGA DE PORTA! - grito, sentindo um aperto no meu coração em dizer essas palavras.

"Me despedir...."

Eu prefiro realmente expressar minha raiva, porque minha tristeza está dolorosa demais pra ser expressada no dia do meu próprio aniversário.

Ninguém responde.

Irritada, eu ando até o jardim, pego a maior pedra que encontro e a taco com força na grande janela da sala.

O vidro se quebra e eu abro um sorriso orgulhosa.

- Essa janela não vale nada. - murmuro, baixo.

Ando até a Janela e faço um grande esforço para passar por ela sem me cortar. Então pulo finalmente na sala de estar.

- Bom, Liam, eu entrei do mesmo jeito! - murmuro alto pra casa toda ouvir, jogando os braços para os lados com minha entrada.

Então meu sorriso some e eu me arrependo instantaneamente de ter vindo aqui quando vejo o tapete manchado de sangue.

Prendo a respiração quando sinto o cheiro forte dessa casa : cigarro e bebida. Fico inojada e prendo a respiração.

Certeza que foi o melhor amigo do Liam - o pai dele.

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