21- linda, igual o Beiçola

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Julie Baker

Estou me encarando minha cara de bunda no espelho com uma tesoura na mão.

Sinceramente não sei como vim parar aqui, mas vou cortar meu cabelo e se ficar feio provavelmente eu vou ficar parecendo o Beiçola.

Meu cabelo tá molhado e a cada rajada de vento que passa pela janela do banheiro me fazem arrepiar ( os cabelo do meu cu tão tudo arrepiado.

Pego uma parte do meu cabelo com a mão esquerda e aponto a tesoura da moranguinho pra ele.

E me questiono se vale mesmo a pena ficar parecida com o Beiçola só por causa de um dos meus surtos.

Sim, vale.

Eu já pintei meu cabelo de verde, depois de azul e quando ele tava seco igual a canela do meu pai eu raspei. Sim, eu raspei, e eu amava muito usar peruca.

Porque eu usava uma peruca colorida diferente a cada dia. Teve um dia que eu fui pra escola com aqueles topete colorido de Carnaval.

Minha fase careca foi incrível--

Corto um pedaço dele, e arregalo os olhos vendo a diferença de tamanho entre as outras mechas - mas já começei a merda então não tem como voltar atrás.

Seguro outro pedaço do meu cabelo para cortá-lo e...

- JULIE PORRA, A CAMPAINHA TÁ TOCANDO FAZ MEIA HORAAA - Ouço o berro do Gabriel.

O grito dele parece mais de um grilo morrendo.

Se ele não parar de gritar, ele vai ser o grilo morrendo.

- E PORQUE VOCÊ NÃO VAI ATENDER!? - berro de volta.

Vou enfiar essa tesoura no rabo desse garoto.

- EU TÔ CAGANDO, CARALHO! - ele responde, depois de um tempo.

- Puta que pariu - suspiro com ódio.

Saio do banheiro em passos pesados - disposta a socar meu irmão e o ser abominável que toca a minhs campainha em plena 15:00 da tarde.

Primeiro eu vou abrir a porta, depois eu faço o Gabriel engolir a bosta dele.

Desço as escadas sem pressa, na esperança de que a pessoa do outro lado da porta pense que não tem a ninguém em casa e vá embora.

Mas ao invés disso a campainha começa a tocar cada vez mais.

Chego a porta e abro a mesma na força do ódio.

Liam.

Óbvio. Tinha que ser esse projeto de perfeição de Chernobyl, com esse sorriso idiota.

- Ah, eu devia imaginar que era você - Suspiro.

Vejo ele sorrindo. Mas quando seus olhos focam na tesoura em minha mão, ele dá um passo pra trás com os olhos levemente arregalados.

- Olá. Acho que você tá meio ocupada aí - ele diz com cautela.

- Isso!? - balanço a tesoura em minha mão - Não é nada. O que você quer?

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