23- capeta em forma de cachorro

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Julie Baker

- 10.000 mil???? - Pergunto com os olhos arregalados - ele muda de cor na água? Ou vem com o poder da imortalidade junto!?

Meu espírito de pobre tá gritando agora.
A mulher da loja me encara com um sorriso sinico.

Puta que pariu, esse vestido é do preço da minha casa inteira com os móveis dentro.

- Nem se eu vender o Gabriel dá isso tudo - minha mãe fala balançando a cabeça. E pega o cartão de crédito na bolsa, entregando-o para a mulher.

Com 10.000 dólares eu vou pra Dubai e boto silicone, ou então compro um stripper particular para mim.

- E tá na promoção - A mulher no caixa fala.

- Não é possível. E de brinde vem o que? O "on direction" revive!? - franzo a sobrancelha.

Gente pelo amor né!? Nem em um mês dando meu cu na esquina eu consigo esse dinheiro.

Olho pra trás e vejo Yuri com a mão sobre a boca, gargalhando.

- Eu tô passando mal.

E eu também. É comprar esse vestido e passar fome pelo resto da semana.

(...)

Me jogo na minha cama - desejando afundar nela e só acordar no outro dia.

Ou nunca mais.

Busca o controle do ar condicionado com a mão e ligo o ar. Hoje tá um calor do caralho, eu talvez seja essa calça jeans que tá cozinhando meu rabo.

Pego meu celular e vejo que já são 16:35 da tarde e puxo minha calça - ficando só com minhas roupas intimas de baixo e meu cropped da Shein com manga.

Quando saímos do Shopping, fomos deixar Yuri na casa dele porque o pai dele queria a ajuda dele pra alguma coisa. Minha mãe foi comprar uma coxa de cama nova e o Gabriel deve tá fumando maconha por algum canto aí da casa.

Vejo no Instagram o link de um novo milk-shake de chiclete na melhor sorveteria aqui da minha cidade.

Eu quero. Vou assaltar alguém e comprar um desses pra mim.

Passo mais um tempo deitada e depois levanto da cama, disposta a ir tomar um banho pra sair.

(...)

Estou com um shorts preto colado e uma blusa folgada com um cogumelo na frente. Duas presilhas puxam as duas partes do meu cabelo pra trás e eu calço meu all star vermelho de cano alto.

No meu pescoço se encontra um colar único de pérolas bem pequenas e meu anel de esmeralda verde está em meu dedo.

Saio de casa rápido, pra Gabriel não me ver e inventar de querer ir comigo - não levo mais cachorro pra passear.

Fecho a porta e começo a andar pela rua - como se eu tivesse comprado ela - depois que morre atropelada não sabe o porque.

Tô na pista! Alguém me atropela.

Não andei nem meio Quilômetro e já tô falecendo. Isso que dá ser uma sedentária do caralho.

O sol bate contra meu cabelo, fazendo ele parecer mais claro à luz do dia e eu olho distraidamente pro meu celular ( se eu tivesse no Rio de Janeiro,  hora dessas já teriam roubado até minha alma aqui no meio da rua)

Depois de andar até a avenida na base da preguiça e do ódio. Eu vou pra debaixo de uma árvore e passo a mão no rosto - totalmente arrependida por ter decidido sair de casa.

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