Fazendo História

35- Pai !?

Julie Baker

- Eu moro à três casas da sua Liam, não precisava me trazer - reforço, pela quinta vez enquanto caminho pela calçada da rua.

- Precisava sim! - ele diz - Não é legal você ficar andando por aí sozinha essas horas.

- Liam, são duas horas da tarde ! - exclamo, lançando um olhar indginado pra ele.

- Sabe quantas pessoas são assassinadas às duas horas da tarde? - Liam me pergunta, enquanto chuta aleatoriamente uma garrafa no meio da rua.

Poluição tá foda.

Pior do que o lixão que é o quarto do Gabriel.

- Não - respondo, fazendo uma careta.

- Eu também não! Mas mesmo assim. - ele diz, desajeitado.

Paro, já em frente à minha casa e torço pra que minha mãe tenha voltado, de onde quer que ela estivesse.

- E também... - ouço a voz de Liam atrás de mim - aquele homem careca começou a me encarar de um jeito estranho depois que você tacou a colher na cabeça dele. Tô começando a ficar com medo.

Eu rio, e ando até Liam.

- Deixa de besteira. O máximo que ele pode fazer é te dar uma surra - digo, passando a mão pela gola de sua camisa .

- Nossa, isso super me reconforta - Liam olha pra minhas mãos em sua camisa.

Me afasto dele novamente, pra entrar em casa e ele segura meu braço.

- Não me deixa com o sr. careca, por favor - ele brinca, implorando.

- Eu tenho que entrar - aviso, rindo.

- Ta bom então - ele leva minha mão aos lábios e beija as costas da minha mão com delicadeza - Tenha um bom final de semana, meu amor.

(...)

Quando entro dentro de casa e encontro minha mãe na cozinha vendo alguma coisa na geladeira, ela corre até mim e começa a me encher de perguntas sobre o casamento.

A maioria delas sobre sexo e drogas.

- Eu juro que conto tudo depois, mas agora eu tô morrendo de sono - explico, cansada.

- Ta bom garota, vai lá dormir que eu vou comprar uma pílula do dia seguinte pra você.

- Porra mãe, toda vez que eu saio você vem com essa - reclamo, irritada.

- Vai saber o que você anda fazendo com essa buceta. Eu hein - ela murmura.

Balançando a cabeça negativamente, e me apresso em ir rápido pro quarto pra não ouvir as baixarias da minha mãe.

Subo as escadas com a maior preguiça do mundo. Me jogo na cama, ligo o ar e fecho os olhos.

- FELIZ ANIVERSÁRIO !  - ouço um berro no meu quarto e pulo da cama rapidamente, tacando o controle do ar na cabeça do meu..

- Pai?!

Ele não tava comprando cigarro lá no Brasil?

- Aí Juju, pra quê isso filha!? - ele resmunga, passando a mão pela cabeça onde eu taquei o controle.

Meu pai não sabe falar inglês, então agora, tenho que falar com ele em português.

Na verdade eu só sei falar inglês porque sou americana.