Capitulo 38

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-Por favor meu amor, não desiste!

Você está mais branca que o normal, os olhos fechados, não vejo seu corpo mexer com sua respiração, não consigo aceitar.

-Faz alguma coisa, alguém faz alguma coisa.- eu grito.
-Geizon, posso tentar uma massagem de reanimação mas nem o desfibrilador está funcionando.- ele diz com q voz triste.
-Eu imploro, faz alguma coisa!
-Meu amor não me deixa, a gente precisa de você, eu te amo tanto, eu sei que você é forte e que você consegue, por favor, volta.- me debruço em seu corpo.
-Vamos tentar.- o doutor diz e me levanto.

A massagem cardíaca é iniciada, a cada movimento eu imploro para que você volte, eu não sei o que fazer sem você, como eu vou cuidar do nosso filho, ele não pode crescer sem ti, você é o nosso lado bom, você é a parte sensata, doce, inteligente, eu não consigo sem você.
Caio de joelhos, apoiando minhas mãos na maca, já estava sem esperança, não conseguia nem se quer respirar, o choro me fazia engasgar. Até escutar o barulho o do aparelho voltando a marcar seus batimentos.

-Temos pulso de novo, pega o oxigênio!.- o doutor grita.

Me levanto rapidamente, e sorrio aliviado, conseguindo respirar de novo.
A enfermeira coloca ela no oxigênio, e volto a segurar sua mão, meu Deus muito obrigada, meu choro agora era de alívio, de felicidade eu diria.

Assim terminam a cirurgia, você é enviada para a uti, ainda está fraca e com falhas nos batimentos. Meu rosto está inchado e sinto minha cabeça latejar, lavo o rosto e pego meu celular, vendo uma mensagem do Lennon, dizendo que estão lá fora, saio e vejo seus pais, o Lennon e a Giulia que vieram trazer uma mala pra ti e a bolsa do nenê.

Ele me abraça assim que me avisa, nunca me deu um abraço tão sincero.

-Ela tá bem? E o bebê? A gente pode ver eles?.- Lennon diz desesperado.
-Calma meu filho, vamos ouvir o Geizon.- a Silvana apesar de aparentar estar tão desesperada quanto Lennon, tenta acalmar o mesmo.
-Ela tá bem, tá na uti agora se recuperando, o parto foi bem difícil, ela teve uma parada cardiorrespiratória, e o nenê que por sinal é um menino, lindo, está na incubadora tendo todos os cuidados.- digo tranquilo, nem parece que quase chorei litros hoje.
-Glória a Deus, obrigada senhor por cuidar da minha filha e do meu netinho.- Silvana me abraça.
-Nem consigo imaginar como foi pra vocês meu filho, que bom que todos vocês estão bem, se precisarem de qualquer coisinha, pode ligar pra gente, e nós vamos continuar orando pela recuperação dos dois, viu.- meu sogro me abraça de lado e da dois tapinhas nas minhas costas.
-Quando vamos poder visitar ela e o bebê?.- Lennon pergunta.
-Assim que ela for pro quarto vocês podem ver ela, o nenê eu ainda não sei muito bem como vai ser, mas eu vou avisando vocês.- respondo.
-E vocês já decidiram o nome?.- minha sogra pergunta.
-Não sabíamos o sexo ainda, essa semana tínhamos o ultrassom de novo para tentar descobrir, então não falávamos muito em nomes, não estávamos esperando que isso acontecesse, mas pensei em Ravi, precisei dar um nome para a ficha dele aqui no hospital, e sinto que não tinha nome melhor, mas vou esperar ela acordar para registrar ele no cartório.- digo passando a mão no cabelo.
-Que lindo meu amor, ela vai amar, eu tenho certeza, é uma homenagem e tanto.- os olhos dela enchem de lágrimas.
-Ravi era um grande homem e sempre foi um ótimo pai, eles sempre tiveram uma conexão inexplicável, que você se torne um pai tão incrível quanto ele foi pra ela.- meu sogro abraça a Silvana que deixou as lágrimas escaparem.
-Tamo junto irmão, cuida desse pequeno e da nossa menina, e descansa também, nem imagino como ta sendo tudo isso pra você, a Natasha buscou a Akasha comigo hoje mais cedo, precisando de qualquer coisa só me ligar viu.- nos despedimos e os três vão embora.

Eram 4:00 da manhã, e nem parecia que tínhamos saído de casa às 9:00 pra caminhar, olha quanta coisa aconteceu, parece que tudo isso foi em 1 hora. Vou até a incubadora para entregar as coisinhas do Ravi, e a adrenalina vai passando e começo a sentir o cansaço. Ele era tão lindo, pequenininho, estava dormindo, que judiação era ver você cheio de tubinhos por todo o corpo.

Caminho ate a uti, e você está deitada e com a máscara de oxigênio no rosto, me sento na cadeira ao lado e pego sua mão que está cheia de acessos de soro e remédio.
Olho pra ti e suspiro, percebendo que no final tudo deu certo, hoje percebi o quão tudo é real, o quão eu te amo e quero passar o resto da minha vida contigo.
Acabo dormindo sentado, e sou acordado já de manhã por uma das enfermeiras que veio trazer o café e percebo que você está acordada.

-Meu amor, você tá bem? Caralho amém, que saudade de você vidinha.- levanto da cadeira rapidamente.
-Oie meu amor, eu tô bem, não queria te acordar, com saudade? Mas eu tô aqui do seu ladinho.- ela sorri meio fraca.
-Saudade desse sorriso, dessa voz, desse olhar, que bom que você tá bem meu amor, que susto ein.- passo a mão em seu cabelo.
-Nem me fale, eu só quero ver o meu bebê, tá tudo bem? Deu tudo certo?.- ela pergunta preocupada.
-Ele tá ótimo, ta recebendo todos os cuidados, tá na incubadora mas você já vai pegar ele hoje mesmo, o médico me disse que precisamos ficar com ele, ele precisa sentir nossa pele, é algo de humanização sei lá, não entendi muito bem mas fiquei feliz, inclusive a Akasha tava mais que certa, é um menino lindo, sua cara.- vejo ela sorri e os olhos encherem de lágrimas.
-Que bênção meu amor, tudo que eu mais quero é ver ele, segurar ele no meu colinho, sentir o cheirinho.- ela diz meio engasgada do choro.
-Pensei em Ravi, o que acha? Sua mãe, seu pai e o Lennin amaram a ideia.- seguro sua mão.
-Mentira amor, você é tão perfeito, obrigada por isso, eu amei, você sabe o quão é importante pra mim, queria que eles estivessem aqui pra ver o netinho deles.- ela se emociona mais ainda.
-Eles tão vendo lá de cima, e eu tenho certeza que são os seus anjinhos da guarda e do ravizinho.- acabo me emocionando também.

Colocar o nome de Ravi veio ao meio de todo o desespero na sala de cirurgia, não conseguia imaginar como seria minha vida sem ela, e fiquei pensando como foi pra ela perder os pais tão cedo, e coloquei que independente do que acontecesse eu seria o melhor pai do mundo, e nada melhor do que colocar o nome do pai dela, que ela era tão apaixonada, sei que de onde ele estiver ele vai amar saber que o netinho carrega seu nome.

-Quer casar comigo?.- pergunto e sinto minha respiração acelerar.
-Que? Como assim Geizon?.- ela vira o olhar rapidamente pra mim.

A Bela e a Fera// Xamã Onde histórias criam vida. Descubra agora